O líder do PCP Jerónimo de Sousa destacou esta terça-feira a atualidade das posições de Álvaro Cunhal nos presentes combates da sociedade portuguesa relembrando que continuam a identificar-se “com a realidade dos nossos dias”.
“É ver quão certeiras são as suas análises e previsões sobre as consequências da adesão de Portugal à CEE [Comunidade Económica Europeia] e do consequente processo de integração” defendeu Jerónimo de Sousa.
O Secretário-Geral do Partido Comunista Português (PCP) discursava em Faro no dia de nascimento do reconhecido dirigente comunista na sessão pública “Álvaro Cunhal e o PCP”, inserida nas iniciativas associadas ao centenário do PCP, que se celebra a 6 de março de 2021.
O atual dirigente comunista afirmou que “não há questão ou assunto” que diga respeito aos portugueses “que não tenha que ir a Bruxelas” e relembrou os alertas de Álvaro Cunhal de que a União Europeia não seria “a salvação do país”.
“Antes se confirmaram como um entrave ao desenvolvimento soberano de Portugal e das condições de vida dos portugueses”, reforçou.
TAP, CTT, Novo Banco, programas de estabilidade, opções orçamentais ou o programa de recuperação foram alguns dos temas destacados por Jerónimo de Sousa e que demonstram a “sistemática ingerência na vida do país e as suas opções”.
Numa altura marcada pela pandemia de Covid-19 que agravou “os velhos problemas estruturais” do país, o dirigente comunista recomendou um olhar para “as análises e propostas” de Álvaro Cunhal onde poderá ser possível “encontrar a resposta para muitas das preocupações e interrogações”.
A importância de “serviços públicos modernos e eficientes” a importância da “produção nacional”, a necessidade do país “assegurar a sua soberania alimentar” e ter os “setores estratégicos na suas mãos” são alguns dos exemplos destacados por Jerónimo de Sousa que “mereceram uma atenção central na obra de Álvaro Cunhal”.
Numa cerimónia dedicada a homenagear a vida de intervenção política do histórico dirigente comunista, o atual secretário-geral do PCP recordou mais um ensinamento de Cunhal, reforçado “nestes tempos de instilação do medo e de limitações de direitos e liberdades”.
“Sejam quais forem as circunstâncias existentes em cada momento, a luta é sempre necessária, e vale sempre a pena, porque será ela e a força que dela emanada, em última instância, que determina a evolução dos acontecimentos”, recordou.
Jerónimo de Sousa aproveitou a ocasião para mostrar o seu apoio à manifestação nacional marcada para o próximo dia 13 de novembro pela Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública, evidenciando que “à sombra e a pretexto” da pandemia se colocam em causa “direitos e liberdades essenciais” sendo que “a luta não pode ficar de quarentena”, sublinhou.