O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, já tinha aberto a porta a esta possibilidade quando questionado no Parlamento pela deputada do PAN, Inês Sousa Real, e agora por força de mais uma coligação negativa, o Governo vai mesmo ter de avançar com a realização de uma avaliação ambiental estratégica antes de decidir a nova solução aeroportuária para Lisboa.
A proposta apresentada pelo PAN e pelo Partido Ecologista os Verdes prevê apenas que seja feita a comparação das várias propostas, para além do aeroporto complementar no Montijo em paralelo com o reforço do Humberto Delgado, sem revelar quais. Apesar da disponibilidade já manifestada por Pedro Nuno Santos para repensar esta possibilidade — mantendo contudo o apoio ao projeto negociado com a ANA para o Montijo — o PS votou contra as propostas que apresentam a avaliação ambiental estratégica que foram aprovadas pelos outros partidos.
Governo recua e já admite submeter aeroporto do Montijo a avaliação ambiental estratégica
A solução do Montijo foi apresentada pelo Governo como definitiva depois de um acordo com a concessionária ANA que apresentou esta proposta ainda ao Executivo de Passos Coelho para responder ao crescimento da procura, acima do previsto, do aeroporto de Lisboa.
Desde 2018 que o Governo se recusa a avaliar outras opções com o argumento de que a pressão da procura sobre o aeroporto não dava tempo para estudar soluções mais morosas como a construção de um aeroporto de raiz no Campo de Tiro de Alcochete, localização escolhida há dez anos para substituir o atual aeroporto e cuja autorização ambiental está prestes a caducar. Agora com a pandemia a fazer recuar vários anos o tráfego dos aeroportos — só a partir de 2024 é que se admite retomar os movimentos de 2019 — a pressão da urgência deixa-se fazer sentir, dando margem para realizar a avaliação ambiental estratégica defendida por organizações ambientais e vários partidos.
Para além do tempo, também estava em causa o custo. O desenvolvimento da base militar do Montijo representaria um investimento da ordem dos mil milhões de euros, muito inferior ao que custaria construir um novo aeroporto de origem e numa altura em que o Estado já não pode contar com a receita da privatização da ANA que foi vendida no final de 2012.
O projeto do Montijo teve declaração ambiental favorável, mas condicionada, no início do ano, mas a execução estava ameaçada pelo parecer negativo de duas das câmaras da área abrangida, o que não permitia avançar com a construção no atual quadro legal.