Mais de meia centena de estudantes de várias instituições do ensino superior artístico do Porto manifestaram-se esta quarta-feira contra a “falta de investimento” nas áreas performativas e apelaram por um ensino “mais justo e igualitário”.
A iniciativa, que decorreu esta quarta-feira em frente ao Teatro Rivoli, no Porto, reuniu mais de 50 universitários da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE), Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), Escola Superior de Media Artes e Design (ESMAD) e Escola Superior de Artes e Design (ESAD).
Em declarações à agência Lusa, André Araújo, porta-voz do movimento, afirmou que o ensino superior artístico tem sido ao longo “de décadas e décadas” um ensino “esquecido”.
“A cultura começa com educação artística e o futuro da cultura está connosco, mas se somos deixados ao abandono, a cultura não terá futuro”, considerou, acrescentando que a pandemia da Covid-19 “veio pôr a cru” a realidade do ensino artístico.
“Um exemplo concreto é a falta de salas dos estudantes de música, mas também dos estudantes de belas artes. Há salas que estão lastimáveis”, disse o porta-voz.
A iniciativa, que contou com vários momentos performativos, entre eles música, pintura e malabarismo, visou assim “denunciar o desinvestimento” no ensino artístico.
“Sem educação, não há cultura” e “Ensino artístico, gratuito para todos” eram alguns dos apelos que os jovens iam fazendo.
À Lusa, Francisca Castro, estudante do 2.º ano de artes plásticas na FBAUP, afirmou que “as condições no ensino superior estão muito precárias” e que as artes “sempre foram mais prejudicadas”, considerando que “a pandemia só piorou essa realidade”.
“Neste momento, a faculdade está em obras e estamos a ter aulas em contentores. Isto é uma situação que não parece ter um fim”, disse a jovem de 19 anos, acrescentando que cabe às novas gerações “fazer barulho”.
“Continuamos a pagar propinas e continuamos a não ter acesso a um ensino que deveríamos ter. O ensino superior é suposto ser justo e gratuito, mas a situação não parece ter um fim tão cedo”, considerou.
Também Maria Macedo, de 21 anos, e estudante de pintura na FBAUP afirmou que a pandemia trouxe “muitas dificuldades aos estudantes”.
“A pandemia só veio atenuar problemas que sempre estiveram presentes na nossa faculdade”, afirmou a jovem, acrescentando que os estudantes “chegam a ter de pintar na cantina da faculdade”.
“Queremos que o Ministério da Cultura perceba que somos pouco apoiados. Os cursos mais bem vistos são sempre os mais apoiados e nós ficamos para trás”, referiu a jovem.