Durante todos estes anos as canções e letras de Bob Dylan eram de Bob Dylan — os acordos com editoras garantiam que o músico e cantor, também vencedor do Prémio Nobel da Literatura, continuava a ficar com o controlo das suas composições e continuava a poder tomar decisões últimas sobre o que fazer com elas. Agora, tudo mudou: os direitos de todas as composições já gravadas e lançadas por Dylan, mais de 600 ao longo da carreira, foram vendidos ao grupo multinacional Universal Music, revelou o próprio grupo discográfico.
O jornal The New York Times estima que este possa ser “o maior negócio único [compra isolada] de sempre na aquisição de direitos de autor musicais”, mas também não é todos os dias que um dos músicos mais importantes da história do pop-rock decide, aos 79 anos, vender os direitos de tudo o que já gravou e mostrou ao mundo.
O preço do negócio não foi revelado, mas na imprensa norte-americana estima-se que o grupo Universal Music tenha despendido mais de 300 milhões de dólares para assegurar o controlo dos direitos e a gestão do património do cancioneiro de Dylan.
Os direitos das canções de Bob Dylan são especialmente apelativos e especialmente rentáveis, como lembra o The New York Times: afinal, além da importância, impacto e popularidade das canções gravadas pelo próprio ao longo das últimas décadas, as suas composições foram alvo de versões de incontáveis artistas — e o autor recebe parte das receitas angariadas por outros artistas com versões da sua música. De acordo com o grupo Universal, aliás, as canções de Dylan já foram gravadas mais de 6.000 vezes nas últimas décadas, por diferentes artistas.
Daqui em diante, todas as receitas resultantes das canções gravadas por Bob Dylan — seja pela venda, audição em plataformas digitais ou royalties por exibição nas rádios, televisão ou campanhas publicitárias, por exemplo — irão assim para os grupos de um dos maiores grupos multinacionais de música do mundo.
Um dos dados curiosos do negócio é que o grupo Universal Music comprou os direitos de todo o catálogo já gravado e editado até aqui por Bob Dylan — mas não os direitos do catálogo futuro. Ou seja, o músico ficará como dono dos direitos de quaisquer canções originais que revele futuramente ao mundo, podendo mantê-los e beneficiar da sua rentabilidade ou vendê-los (a este grupo discográfico ou a outro).