Numa altura em que os países estão a ultimar os seus planos nacionais de vacinação, à medida em que se aproxima a tão aguardada chegada das vacinas para a Covid-19, a diretora do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) pede cautela aos governos, sugere às famílias que se auto-isolem antes do Natal, e avisa que os critérios de vacinação podem ter de ser reajustados quando se for percebendo que não vai haver vacinas para todos logo na primeira fase.

“Não sabemos exatamente quantas doses vão estar disponíveis no início, mas a previsão é de que serão ainda menos do que o número de pessoas inseridas nos grupos prioritários, por isso pode ter de se rever as prioridades”, alerta a diretora do ECDC em entrevista à Antena 1 e à RTP.

Daí que Andrea Ammon aconselhe os governos dos diversos países a repensarem o plano de vacinação, uma vez que as doses disponíveis no imediato podem ser insuficientes para garantir a cobertura da totalidade das pessoas identificadas como prioritárias para a primeira fase de vacinação. “Os critérios têm de ser refinados, alguns países até já o fizeram”, diz, dando o exemplo da combinação de critérios ‘profissão’ mais ‘idade’, em vez de apenas um deles: “Trabalhadores de saúde, sim, mas com mais de 50 anos. É preciso combinar alguns critérios”.

Mas mesmo depois de superada essa parte, a diretora do Centro Europeu de Prevenção de Doenças mostra-se cautelosa quanto à complexidade do processo de distribuição e administração da vacina. “Essa não é uma tarefa simples. É preciso garantir que há parâmetros que sejam acessíveis, que há pessoal para administrar, que há equipamentos, e algumas vacinas requerem duas doses por isso é preciso que haja um sistema que garanta que essas pessoas são chamadas para a segunda dose”, nota.

Essa é uma parte, mas não se fica por aqui. Andrea Ammon lembra ainda que depois vai ser preciso “monitorizar a cobertura da vacina”, identificar bem quem já está vacinado e quem falta vacinar, assim como é preciso ir acompanhando, através de estudos científicos, quanto tempo é que a proteção dada pela vacina vai durar. 

Sobre o alívio das medidas no Natal e Fim do Ano, a diretora do ECDC pede “cautela” aos vários governos nesta altura de maior convívio familiar e social, e sugere mesmo que as pessoas se auto-isolem antes da quadra festiva. Porque uma coisa é certa: “O vírus ainda está por aí, não podemos agir como se não existisse”.

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