Ainda os ecos do conselho nacional do CDS, que decorreu no sábado em clima de guerra civil. Depois das críticas que fez à direção do partido, Cecília Meireles, deputada e antiga vice de Assunção Cristas, foi desafiada a deixar o cargo no Parlamento.
O repto foi deixado por Raul Almeida, vice presidente de Francisco Rodrigues dos Santos. Agastado com as críticas de Cecília Meireles, o ex-deputado sugeriu que a democrata-cristã devia ceder o lugar ao atual líder do partido, que foi número dois pelo círculo eleitoral do Porto. A saída de Cecília Meireles do Parlamento teria como consequência direta a entrada de Rodrigues dos Santos no Parlamento.
Raul Almeida é vice-presidente do CDS e é aliado de Filipe Lobo d’Ávila, também ele vice do partido e instrumental para garantir a Rodrigues dos Santos a maioria no último congresso do CDS. Os dois fazem parte do grupo ‘Juntos pelo Futuro’ e conseguiram cerca de 15% dos votos nas últimas eleições.
Na sua intervenção, como contava aqui o Observador, Cecília Meireles exigiu “respeito” à direção do partido, disse que havia “limites para tudo” e acusou Franscisco Rodrigues dos Santos de nada fazer para travar André Ventura. “O problema está a agravar-se. [André Ventura] faz gala de nos enxovalhar a todos através do presidente do nosso partido e eu quero lutar contra isto. Mas precisamos de ter uma estratégia.”
Ora, Raul Almeida não gostou das críticas e desafiou Cecília Meireles a deixar o cargo para dar lugar a Rodrigues dos Santos. Na resposta, Telmo Correia, líder parlamentar do CDS, deixou uma ameaça: “É bom que o senhor conselheiro ou quem quer que seja com responsabilidade na direção do partido não entre por aí. É uma linha vermelha”. Quanto a Cecília Meireles, registou as palavras de Raul Almeida e deixou uma promessa: não voltará a ficar “caladinha”.
No final de um conselho nacional que durou quase 20 horas, Francisco Rodrigues dos Santos fez um apelo à unidade do partido e garantiu que tem total confiança no grupo de deputados do CDS. Mas o partido está mais dividido do que nunca.