O grupo extremista Boko Haram divulgou esta quinta-feira um vídeo mostrando o que alegou serem as dezenas de jovens estudantes do ensino médio e secundário raptados na madrugada de sábado no norte da Nigéria. Com o rosto coberto de pó e arranhado, um dos rapazes disse ser um dos 520 estudantes raptados pelo Boko Haram.

Centenas de menores foram raptados, na região norte da Nigéria, na madrugada de sábado por homens armados, que alegadamente operam para o grupo jihadista Boko Haram, cuja área de influência fica centenas de quilómetros mais a leste. O rapto foi reivindicado pelo líder do Boko Haram, Abubakar Shekau.

O número exato permanece pouco claro, com as autoridades a anunciarem entre 330 e 400 estudantes desaparecidos. Neste vídeo, o Boko Haram afirma, através do rapaz, que há 520 nas suas mãos, e que alguns deles foram mortos.

As crianças surgem com ar abatido, amontoadas numa floresta, em condições sanitárias muito degradadas. O vídeo, transmitido através dos canais tradicionais do grupo, é gravado em inglês e em hausa, língua falada principalmente no norte da Nigéria.

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Um homem que se apresenta como Abubakar Shekau transmite então uma mensagem de voz na qual diz: “Estes são os meus homens e estes são os vossos filhos”. Segundo vários testemunhos de jovens rapazes que conseguiram escapar, os reféns foram divididos em vários grupos na noite do rapto.

De acordo com uma fonte de segurança, citada pela agência France-Presse, os estudantes do secundário que aparecem neste vídeo são os levados pelo grupo, enquanto outros foram libertados após negociações entre os raptores e o governo local.

O ataque, que faz lembrar o caso de 276 raparigas raptadas em Chibok, em 2014, é um golpe para o Presidente nigeriano Muhammadu Buhari, que quando chegou ao poder, em 2015, fez da luta contra o Boko Haram a sua prioridade.

Desde 2016, o Boko Haram dividiu-se em duas fações: a de Abubakar Shekau, líder histórico do grupo, e a do Estado Islâmico na África Ocidental (Iswap), filiado na Organização do Estado Islâmico (ISO) – particularmente em torno do Lago Chade.

A filial de Abubakar Shekau reivindicou a responsabilidade pelo assassínio de pelo menos 76 trabalhadores agrícolas no nordeste da Nigéria no início de dezembro, durante as eleições locais. O Iswap está cada vez mais a dirigir os seus ataques contra alvos militares e organizações humanitárias internacionais.

A violência jihadista já causou 36.000 mortos na Nigéria e mais de dois milhões de deslocados. Os ataques espalharam-se pelo Chade, Camarões e Níger, países vizinhos na bacia do Lago Chade.