Os rebeldes que lideram uma ofensiva contra o regime do Presidente da República Centro-Africana, Faustin Archange Touaderá, recentemente eleito, realizaram esta quarta-feira, dois ataques simultâneos na entrada de Bangui, que foram repelidos, disse o Ministro do Interior centro-africano.
Os dois ataques, confirmados pelo ministro centro-africano Henri Wanzet Linguissara à agência de notícias AFP, também foram corroborados por dois funcionários da missão da ONU na República Centro-Africana (MINUSCA), sob condição de anonimato.
Em duas frentes, a poucos quilómetros da capital, na madrugada desta quarta-feira, as brigadas do exército “foram atacadas simultaneamente mas, graças à bravura das nossas forças e ao apoio bilateral, conseguimos repelir os atacantes que são atualmente em fuga”, disse o ministro centro-africano.
O porta-voz da MINUSCA no país, tenente-coronel Abdoulaziz Fall, referiu “um ataque” e confrontos ainda em curso.
Estes são os primeiros confrontos nos arredores de Bangui desde que os rebeldes anunciaram uma ofensiva há quase um mês.
Em 19 de dezembro, oito dias antes das eleições presidenciais e legislativas, uma coligação de seis dos grupos armados mais poderosos que ocupam dois terços da República Centro-Africana – desde o início da guerra civil há oito anos -, anunciou uma ofensiva para impedir a reeleição de Touaderá.
O Presidente foi reeleito em 04 de janeiro, depois de uma votação muito contestada pela oposição, que afirmam que apenas um em cada dois eleitores registados teve oportunidade de ir às urnas devido à falta de segurança fora de Bangui.
Os rebeldes da Coligação de Patriotas para a Mudança (CPC) realizaram, até agora, ataques esporádicos geralmente repelidos pelas forças da ONU, apoiados por contingentes de soldados ruandeses e paramilitares russos fortemente armados desembarcados recentemente para ajudar o Governo central do país.
Esses ataques ocorriam em cidades e locais distantes da capital.
A RCA caiu no caos e na violência em 2013, após o derrube do então Presidente François Bozizé, por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas na anti-Balaka.
Desde então, o território centro-africano tem sido palco de confrontos comunitários entre estes grupos, que obrigaram quase um quarto dos 4,7 milhões de habitantes da RCA a abandonarem as suas casas.
Portugal tem atualmente na RCA 243 militares, dos quais 188 integram a Minusca e 55 participam na missão de treino da União Europeia (EUTM), liderada por Portugal, pelo brigadeiro general Neves de Abreu, até setembro de 2021.