O serviço de Operações Humanitárias e de Socorro da União Europeia (ECHO, sigla inglesa) previu esta sábado que 200.000 pessoas em Moçambique possam ser afetadas por inundações, nos próximos dias, após a passagem do ciclone Eloise.
O ciclone entrou durante a madrugada no continente na zona da cidade da Beira, atravessando o centro de Moçambique em direção ao Zimbábue, África do Sul e Botsuana, acompanhado por chuva intensa durante os próximos dias.
“Para além de inundações repentinas graves na costa das províncias de Sofala e Zambézia, existem previsões de cheias nas bacias dos rios Buzi e Pungué em Sofala e Manica, subsequentemente nos rios Limpopo e Changane em Gaza e Inhambane na próxima semana”, lê-se no boletim diário do ECHO.
Se o cenário se confirmar, “as inundações podem afetar mais de 200.000 pessoas no sul de Moçambique”, acrescenta o serviço de vigilância e apoio, que ativou o sistema de observação terrestre Copernicus para produção de mapas via satélite da área afetada.
Sinais já são visíveis de que a água voltou a subir no distrito de Buzi, vizinho da cidade da Beira, segundo relatos feitos após a passagem do ciclone, agravando as inundações dos últimos dias. Imagens gravadas por residentes em Guara-guara e transmitidas hoje pela Televisão de Moçambique, mostram uma corrente com vários centímetros de altura a submergir a uma área habitacional e a entrar nas casas, com os residentes a relatarem prejuízos.
O distrito foi um dos que esteve submerso durante várias semanas após as chuvas arrastadas pelo ciclone Idai em 2019, que provocou 603 mortes em Moçambique. Na altura, na região, as cheias chegaram ao telhado de habitações, atingindo níveis imemoráveis, duas noites após a passagem da depressão.
Desta vez, “antes da chegada do ciclone Eloise, a província de Sofala sofreu fortes chuvas, ventos fortes e inundações – desde 15 de janeiro -, com mais de 21.500 pessoas afetadas e mais de 1.900 casas inundadas”, recorda o serviço de socorro da UE.
Na sexta-feira, a Cruz Vermelha emitiu uma previsão de cheias com potencial para afetar entre 100.000 a 400.000 pessoas durante a próxima semana, à medida que a depressão avança para o Zimbábue, com fortes chuvas, engrossando o causal dos rios que banham o sul de Moçambique.