“Fiel à sua espiritualidade, subiu para ver a lua cheia e acidentalmente escorregou e caiu”. Foi assim que este sábado a editora Transgressive comunicou nas redes sociais a notícia da morte de Sophie Xeon, a compositora, produtora, cantora e DJ escocesa que em 2018 tomou o mundo da música eletrónica de assalto e se transformou, ao primeiro disco, na primeira artista transgénero a ser nomeada para um Grammy.
De acordo com a editora, a artista, nascida em Glasgow, morreu às primeiras horas da madrugada deste sábado, 30 de janeiro, na sequência de um “terrível acidente”, em Atenas, para onde se mudara recentemente, depois de anos a viver em Los Angeles. Sophie, como era conhecida, tinha 34 anos e segundo apurou entretanto a Associated Press, terá caído da varanda do seu apartamento.
— Transgressive (@transgressiveHQ) January 30, 2021
Antes de, em 2018, ter editado o primeiro álbum a solo, a artista escocesa já se tinha notabilizado pelos trabalhos como produtora com nomes grandes da cena musical como Madonna, o rapper Vince Staples e a cantora britânica Charli XCX. Foi Sophie que co-escreveu e produziu “Bitch, I’m Madonna”, música que a rainha da pop lançou em 2015 com a colaboração da rapper Nicki Minaj. Quando, três anos, depois lançou “Oil of Every Pearl’s Un-Insides”, a artista foi aclamada pela imprensa especializada e explodiu finalmente — nesse 2018, com a agenda repleta, atuou pela primeira vez em Portugal, no Nos Alive, no seguinte, já com a nomeação para o Grammy de Melhor Álbum de Dança e Eletrónica no currículo (perdeu para os franceses Justice), voltou para atuar no Primavera Sound, no Porto.
Em entrevista ao Expresso, em 2018, Sophie apresentou-se com simplicidade — “Tento definir-me apenas como alguém que faz música pop”; “Honestamente, não quero ser cantora. Não sou muito boa a cantar” —, e abordou a sua transsexualidade.
#RestInPower SOPHIE! You were one of the most innovative, dynamic, and warm persons I had the pleasure of working with at 2019 @southbankcentre pic.twitter.com/uzsv0EAWxx
— Nile Rodgers (@nilerodgers) January 30, 2021
Depois de anos a passar música e a trabalhar na retaguarda dos estúdios de som, tinha mostrado pela primeira vez a cara ao mundo, no videoclip de “It’s Ok to Cry”, que um ano mais tarde seria projetado num ecrã gigante durante o desfile da Louis Vuitton na Semana da Moda de Paris. Questionada sobre aquele que estava a ser considerado o seu grande coming out, como mulher transgénero, Sophie respondeu assim: “Bom, olhando para trás, acho engraçado o facto de esse ter sido um grande momento para as pessoas, porque penso que já era bastante claro aquilo que sou enquanto artista e aquilo que é importante para mim em tudo o que tinha feito antes. Parece que foi preciso estar nua, com as mamas de fora, a cantar à chuva e a chorar, para que as pessoas percebessem que sou uma pessoa real, que o meu nome é Sophie e que sou o que sou… É impressionante teres de fazer algo tão literal e óbvio para que reconheçam quem és”.
Vários artistas, como o cantor Sam Smith, o guitarrista Nile Rodgers e a cantora Rita Ora, têm reagido nas últimas horas nas redes sociais ao desaparecimento da produtora e DJ, de apenas 34 anos. “O mundo perdeu um anjo. Um verdadeiro e visionário ícone da nossa geração. A tua luz vai continuar a inspirar muitas gerações por vir”, partilhou o britânico Sam Smith via Twitter.
Heartbreaking news. The world has lost an angel. A true visionary and icon of our generation. Your light will continue to inspire so many for generations to come. Thinking of Sophie’s family and friends at this hard time ❤️ pic.twitter.com/7qr4aI0DDi
— SAM SMITH (@samsmith) January 30, 2021