O investimento a rondar os 100 milhões, a eliminação na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões, a série de sete vitórias consecutivas, os três jogos seguidos sem ganhar e a sofrer três golos, o surto de Covid-19 que poupou apenas alguns jogadores, a passagem às meias-finais da Taça de Portugal, três empates depois de estar na frente, derrotas na Supertaça e na Taça da Liga, nove pontos de atraso para o Sporting no Campeonato após o desaire no dérbi em Alvalade. Em meia época, o Benfica teve altos e baixos numa temporada sobretudo avaliada nesta fase à luz dos pontos negativos e Rui Costa, administrador da SAD e vice do clube, analisou em entrevista na BTV ao CCO dos encarnados, Pedro Pinto, o que foi feito até aqui, projetando o que terá de ser feito para a frente.

Assumir a responsabilidade pelo momento com a obrigação de dar a volta

“Campeonato perdido? De todo, de todo. Para muita gente isto pode parecer uma coisa estranha porque estamos a nove pontos do primeiro classificado mas deixa-me dizer que é expressamente proibido no Benfica, a uma jornada de acabar a primeira volta, alguém pensar que o Campeonato está acabado.  Esta mensagem não é só para dentro mas é para fora também. Não estamos na posição que queríamos estar, como é óbvio, mas estamos longe de poder mandar a toalha ao chão. Nem nos jogos amigáveis o Benfica pode entrar para dentro de um campo sem ser com o objetivo de ganhar. A ambição tem de ser sempre a mesma e hoje mais do que nunca: fomos nós que nos colocámos nesta posição, somos nós que temos de sair dela”, começou por dizer Rui Costa, incluindo-se sempre na mensagem.

Distância na Liga tem justificações mas adeptos querem sobretudo ver resposta

“É uma época extremamente atípica e que fugiu até aqui ao que eram as nossas reais expectativas e à forma como preparámos a época. Jamais pensávamos… Assumimos, sem esconder a cabeça, que jamais pensámos chegar a esta altura do Campeonato com este atraso em relação ao primeiro lugar. Posso adiantar uma série de razões que justificam de alguma forma aquilo que tem sido a época até agora mas sei que não é isto que os nossos adeptos querem ouvir. O nosso adepto faz a conta a estes nove pontos, ao facto de termos perdido uma Supertaça, faz a conta a uma Taça da Liga perdida e que saímos da Liga dos Campeões. É este assumir de responsabilidade que pretendo fazer e não justificar com muitas das coisas que fazem parte de uma época pela forma como chegámos a este ponto. É o momento de ver quem tem capacidade para representar um clube com o Benfica, eu incluído”, prosseguiu o dirigente dos encarnados, presença constante no banco e no Seixal com a equipa.

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Responsabilidade de todos mas “ninguém está autorizado a mandar toalha ao chão”

“Não se chega a este ponto da temporada com este atraso sendo a responsabilidade de uma pessoa só. Portanto, ninguém dentro da estrutura do futebol e que a apoiam sai ilibado da responsabilidade. É ponto de honra não nos dispersarmos ou quer fugir à posição que o nosso clube está hoje. Temos de ter a plena consciência que fizemos até ao momento não era o que estava idealizado. Não foi preparado para ser feito. Vamos assumir todos nós, comigo à cabeça, a responsabilidade do que está a ser feito até este momento. A época é longa. Ninguém está autorizado a mandar a toalha ao chão, antes pelo contrário. É neste momento que se vai ver quem tem capacidade para representar um clube com a dimensão do Benfica ou não. Este é um aviso para todos nós, onde me incluo. A responsabilidade é muito grande para representar este clube mas ela ainda é maior se abandonarmos a época a meio. Até ao fim da época, vamos ser os homens que temos dentro da casa para dar a volta a esta situação. Temos tempo para o fazer. Parece quase impossível, são nove pontos de atraso – é muito – mas também ainda falta uma volta para jogar. Faltam 18 jogos e muitos pontos. A dificuldade que temos neste momento fomos nós que criámos”, destacou o antigo jogador e capitão dos encarnados, assumindo de novo responsabilidades de todos.

Um momento de redenção “para homens e atletas de grande coragem”

“Temos até ao final 18 jogos de campeonato, uma Liga Europa, uma meia-final da Taça de Portugal. Temos três provas e onde procuraremos fazer de tudo para as conquistar. Quem não estiver em condições para assumir essa responsabilidade não irá fazer parte do grupo. Isso é ponto assente. Não vale só para uma das componentes, vale para todas. É um momento para homens e atletas de grande coragem, sejam jogadores, treinadores ou dirigentes. Representamos o maior clube do país. Sabemos a responsabilidade que é representar esta camisola, eu tenho este prazer  há 40 anos, esse orgulho. Quem não conseguir sentir essa vontade ou quem temer essa responsabilidade, não pode encarar este desafio como nós queremos encarar”, reforçou Rui Costa.

O caso de Palhinha e a necessidade ou não de “fazer como os outros”

“Temos tentado respeitar todas entidades para poderem fazer o seu trabalho mas provavelmente estamos enganados. Olhando para o panorama do futebol português, se calhar temos de fazer como outros. Temos tentado fazer isso, tentado dar esse exemplo, mas se olharmos para o exemplo de ontem [segunda-feira], do Palhinha – e não foi por jogar ou não que o resultado se alterou –, abriu-se um precedente que não sei como se vai alterar no futuro. Tivemos o caso do Otamendi e tivemos resposta diferente. Quantos cartões amarelos vão ser retirados e quantos foram mal dados? Mesmo em jogos que não têm a importância de Benfica, Sporting e FC Porto… Abriu-se um precedente extremamente perigoso. O facto de não falarmos todos os dias, a criticar e em gritaria, não significa que estamos desatentos. O facto de não termos nenhum penálti não é algo que nos passe ao lado. Temos tentado respeitar todas as entidades mas, se isso não basta, se calhar temos de fazer como os outros e mudar o nosso rumo”, argumentou Rui Costa, recordando a suspensão do castigo ao médio no próprio dia do jogo.

Jesus faz falta, está melhor, a recuperar mas não tem data de regresso

“Foi outra perda importante, efetivamente, mas de qualquer das maneiras o Jorge Jesus está melhor, a recuperar bem. Não conseguimos dizer quando pode estar presente, voltar a treinar, esperemos que o mais breve possível, mas neste momento a nossa principal preocupação é a sua saúde. É importante deixá-lo recuperar bem, porque de facto isto não é uma brincadeira. Quando se mexe com a saúde tudo o resto passa para segundo plano”, explicou o administrador da SAD encarnada, a propósito da ausência do técnico que tem sido rendido por João de Deus.