Quando Rúben Amorim assumiu o comando dos leões, em início de março, trazia como um dos pontos altos do cartão de apresentação o facto de ter vencido FC Porto, Benfica e Sporting – e nunca ter perdido qualquer encontro a nível nacional. Depois, e olhando para os dez encontros na retoma das competições após a pandemia, sofreu as primeiras derrotas e nos jogos grandes, contra FC Porto no Dragão e Benfica em Alvalade. E esse enguiço de não ganhar aos outros “grandes” manteve-se na quarta jornada desta Primeira Liga, no empate caseiro frente aos azuis e brancos. Agora, em menos de duas semanas, ganhou a um, ganhou a outro e pelo meio ainda conseguiu um troféu (Taça da Liga), sendo que ambos os triunfos tiveram uma “estrelinha” nos minutos final do jogo.

A palavra de São Matheus é tudo menos milagre (a crónica do Sporting-Benfica)

Os números valem o que valem mas também têm o seu peso na análise de qualquer encontro. Aliás, foi o próprio Rúben Amorim que o assumiu, quando na zona de entrevistas rápidas falou “nos números que circularam por aí hoje” abordando não só a questão de o Sporting não ganhar há nove anos em casa ao Benfica para o Campeonato e de, na última temporada, ter passado a ter menos triunfos no global do que o rival. Um golo de Matheus Nunes aos 90+2′ desfez essas tendências, assim como o bis de Jovane Cabral frente aos dragões tinha desfeito outra. Mais: convertendo a pontuação de dois para três pontos, há 72 anos que os leões não estavam tão bem no Campeonato, num feito que permitiu assegurar a liderança da primeira volta logo no dia em que o fecho do mercado trouxe três caras novas a Alvalade, com as contratações de Paulinho, João Pereira e Matheus Reis.

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No entanto, e apesar de todas as evidências, o treinador leonino recusa assumir (publicamente) uma candidatura ao título, embora considere que tem agora um plantel com outra versatilidade para “ganhar jogo a jogo”.

“Eram três pontos importantes. Sabíamos da importância do jogo, até pelos números que circularam hoje sobre as vitórias do Benfica aqui. Tudo interessa ao Benfica neste momento, há muita coisa importante. Os rapazes tiveram um comportamento exemplar num jogo dividido, em que o Benfica se encaixou em nós, mas fomos claramente justos vencedores, sempre a procurar a vitória. Sorriu num dos últimos lances mas foi completamente justo. Estrelinha? É o que venho a dizer, a estrelinha procura-se no dia a dia. Acreditámos sempre no jogo, o jogo não acabou… Aproveitamos todos os minutos para marcar e vencer. Agora? Agora é ganhar ao Marítimo. Não muda nada. Fossem nove pontos de avançou ou atraso, agora é ganhar ao Marítimo”, começou por referir ainda na zona de entrevistas rápidas da SportTV após o final do seu primeiro dérbi em Alvalade.

“Se me sinto obrigado a ser campeão com o Paulinho? Não, não sinto. Mas percebo a ideia. Outros clubes gastaram num [jogador] o que gastámos em todos, portanto não nos dá obrigação de nada. Somos a equipa que joga com mais juniores, creio. Percebo onde querem chegar e meter pressão, pois estamos bem, mas há clubes em Portugal que contratam por estes valores há vários anos, o Sporting não. Não nos obriga a nada. Não é pressão para o Paulinho nem para o grupo”, destacou na conferência de imprensa, entre elogios às características do avançado.

“O Paulinho é um avançado diferente do que aquele que tínhamos porque o Sporar já não está connosco. Nós, tendo este projeto e sabendo que é uma posição onde joga só um, também só com o Campeonato, temos o TT [Tiago Tomás] e o Paulinho com características diferentes. Para mim, é o melhor 9 do país. O avançado indicado para a nossa ideia. Ele tem um caráter muito grande e essas coisas valem muito dinheiro. Tem uma ambição muito grande, mas sabe que, custe o que custar, se não correr não joga. Ele não precisa de adaptação à nossa ideia, tem o mesmo caráter que a nossa equipa tem. É um jogador à imagem do Sporting e do nosso grupo”, destacou em relação ao internacional que se tornou a transferência mais cara de sempre dos leões.

Cinco dias, duas madrugadas, jogadores riscados e um acordo: como Paulinho se tornou a maior transferência de sempre do Sporting

“O João Pereira vem porque só temos o Porro para aquela posição. Juntamente com o Paulinho, é alguém que conheço bem, que tem um carácter forte, que conhece o clube. Passa muito por não querer arriscar, indo buscar jogadores que têm o mesmo espírito do grupo. Tem 36 anos mas tem alta rotação, um grande coração, é muito ‘ranhoso’ e encaixa na nossa ideia. É bem-vindo. O Matheus Reis é uma substituição para o Borja, pois é um jogador que pode ser lateral e central. Tem características em que se quisermos soltar mais um central no ataque, ele consegue, já o fez no Rio Ave. É um jogador com muito andamento e futuro, enquadra-se na nossa ideia. Estamos felizes por tê-lo, esteve muito tempo sem jogar e vamos prepará-la da melhor maneira”, acrescentou.