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Eles deram a resposta. E ainda não há resposta (a crónica do Benfica-V. Guimarães)

Este artigo tem mais de 3 anos

Benfica fez 16 remates na primeira parte, abafou V. Guimarães, não marcou e acabou a ver a derrota passar a rasar o poste. Há uma lei de Murphy? Sim. Mas é uma consequência e não uma causa (0-0).

Taarabt voltou à titularidade, foi um dos melhores da equipa mas não evitou mais um jogo sem ganhar do Benfica (quarto seguido na Liga)
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Taarabt voltou à titularidade, foi um dos melhores da equipa mas não evitou mais um jogo sem ganhar do Benfica (quarto seguido na Liga)

Taarabt voltou à titularidade, foi um dos melhores da equipa mas não evitou mais um jogo sem ganhar do Benfica (quarto seguido na Liga)

Houve ali contornos dignos de lei de Murphy. Apostar numa linha de três defesas e perder um dos centrais logo por lesão ainda nos dez minutos iniciais. Explorar a profundidade apenas com um avançado (Darwin) que prolongou o momento menos inspirado perdido entre foras de jogo. Não ser objetivo nos momentos de transição em que Rafa conseguia receber entre linhas para poder causar mossa na defesa contrária. Não marcar nas poucas janelas de oportunidade para isso, sofrer quando a porta do resultado parecia fechada. Tudo o que podia correr mal ao Benfica em Alvalade correu ainda pior e a derrota frente ao rival Sporting deixou a equipa a nove pontos da liderança – ou seja, a uma distância que nunca conseguiu ser recuperada desde que existe Campeonato, no final dos anos 30. As ondas de choque, desta vez mais resguardadas do que após a Supertaça, fizeram-se sentir. E muito.

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Logo após o jogo, e devidamente alinhado com Luís Filipe Vieira, Luisão, que ganhou outro protagonismo junto da equipa depois da saída de Tiago Pinto, teve uma conversa dura no balneário com os jogadores que, de acordo com a imprensa desportiva, foi acatada por todos mas nem por isso bem aceite por alguns (até pelo que se passava ainda no relvado do Municipal de Aveiro na Supertaça). No dia seguinte, no Seixal e de cabeça mais fria, nova conversa de estado mas apenas com capitães e que teve como interlocutor o presidente dos encarnados, pedindo genericamente mais da equipa a todos os níveis numa altura em que existe uma responsabilidade extra de tentar em campo fazer esquecer a ausência de Jesus do banco. Umas horas depois, a entrevista de Rui Costa. A assumir o mau trajeto até aqui sem se colocar fora do barco, a pedir carácter para sair de uma situação criada por culpa própria mas a deixar também recados: “Não basta fazer um malabarismo ou um carrinho, é preciso trabalhar todos os dias”.

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O jogo com o V. Guimarães, o último de uma primeira volta onde o Benfica já tinha perdido cinco pontos em casa e só ganhou metade dos oito encontros fora, seria sempre um momento de viragem – fosse para que lado fosse.

Também à sombra de um contexto eleitoral que fez mexer como nunca nas últimas duas décadas todo o universo encarnado, os responsáveis quiseram elevar a fasquia após perderem dois dos três últimos Campeonatos. E fizeram-no a vários níveis: no esforço financeiro, com um investimento de quase 100 milhões de euros a que se vai agora juntar Lucas Veríssimo (pago até dezembro de 2022, com três tranches das quais apenas uma foi liquidada nesta fase); no discurso para fora, tendo como exemplo paradigmático a expressão do “jogar o triplo” referida pelo sempre confiante Jorge Jesus no regresso à Luz após o ano de maior sucesso na carreira; no projeto desportivo, a visar não só a reconquista de títulos nacionais (o último foi a Supertaça, em agosto de 2019) mas também uma imagem reforçada no plano europeu. Problema? Queriam tanto ganhar que não tinham um plano B para reagirem à adversidade. E foi isso que aconteceu durante esta semana após o dérbi, em mais do que um momento.

Sem Rafa, que se juntou aos lesionados Jardel, Luca Waldschmidt e André Almeida devido a um traumatismo no joelho, o Benfica não só regressou à estrutura habitual de uma linha de quatro defesas como fez trocas da zona do meio-campo para a frente, com a entrada de Taarabt para uma zona central à frente de Weigl e Pizzi, Everton e Cervi mais móveis no apoio a Seferovic, titular no lugar de Darwin Núñez. Uma ideia tática mais próxima da que é habitual nos encarnados com Jesus (que continua a recuperar em casa do “caso atípico, de índole rara” de Covid-19, devendo regressar aos trabalhos na próxima semana) e que voltava a testar o mais forte e o mais débil que se viu esta época, da capacidade de criar oportunidades às dificuldades nas transições pelo corredor central.

Eram três jogos sem ganhar, passaram a ser quatro por culpa própria. Pela primeira vez o Benfica não marcou e não perdeu. Até ao intervalo, merecia mais. Muito mais. A partir daí, tornou-se refém do estado anímico que se foi enraizando nos bastidores perante os constantes insucessos que alguns pensavam que podia ser disfarçado com um par de vitórias sem grandes exibições. Frente ao V. Guimarães, Taarabt fez uma boa exibição, a defesa esteve muito consistente, Gilberto teve mais projeção ofensiva ainda do que é normal. Daí para a frente, a letargia do costume, a falta de instinto, a criação de oportunidades sem último toque. Mais uma vez, a tal lei de Murphy. Mas com um ponto relevante de reflexão: se até determinada fase parecia ser uma causa, hoje tornou-se uma consequência.

Ficha de jogo

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Benfica-V. Guimarães, 0-0

17.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Nuno Almeida (AF Algarve)

Benfica: Vlachodimos; Gilberto, Otamendi, Vertonghen, Grimaldo; Weigl (Gabriel, 80′), Taarabt; Cervi (Chiquinho, 80′), Everton (Darwin Núñez, 46′); Pizzi (Pedrinho, 67′) e Seferovic (Gonçalo Ramos, 58′)

Suplentes não utilizados: Svilar, Morato, Diogo Gonçalves e Nuno Tavares

Treinador: João de Deus (adjunto de Jorge Jesus)

V. Guimarães: Trmal; Sacko, Jorge Fernandes, Mumin, Mensah; André André, Miguel Luís (Pepelu, 46′), André Almeida (Wakaso, 82′); Quaresma (Rochinha, 76′), Lameira (Marcus Edwards, 82′) e Oscar Estupiñan (Noah, 90′)

Suplentes não utilizados: Bruno Varela, Suliman, Ouattara e Luís Esteves

Treinador: João Henriques

Ação disciplinar: cartão amarelo a André André (31′), Weigl (67′) e Trmal (90+1′)

O início de encontro mostrou essa vontade de dar a tal resposta de carácter. E essa foi a melhor palavra para fazer uma definição da entrada da equipa encarnada em campo: carácter. Com Weigl a fazer o movimento em que está cada vez mais rotinado de recuar para a zona dos centrais para iniciar a construção e dar capacidade de projeção aos laterais, com Taarabt a ganhar ou intercetar várias bolas no meio-campo contrário, com Cervi e Everton a combinarem bem nas alas, com as zonas de pressão altas a condicionarem a saída dos vimaranenses que muitas vezes não conseguiam sequer colocar a bola nas unidades ofensivas para ganharem metros e respirarem em posse. A par de tudo isso, e em menos de 20 minutos, o Benfica fez oito remates, destacando-se um cabeceamento de Jan Vertonghen após canto na esquerda de Grimaldo (9′) e outro de Seferovic, depois de um cruzamento largo de Gilberto (11′), ambos para defesas de Trmal. Pouco depois do quarto de hora inicial, Everton foi à direita tentar fazer a diferença mas o guarda-redes conseguiu travar para canto o remate do brasileiro (17′).

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Benfica-V. Guimarães em vídeo]

O V. Guimarães tinha conseguido apenas por uma vez saltar linhas e colocar a bola em André Almeida para depois servir nas alas, neste na direita e com Quaresma a cruzar largo mas preciso para o desvio ao lado de Estupiñan (13′). E percebeu-se que, quando a saída de bola entrava no internacional português, havia outro tipo de cuidados por parte dos encarnados. No entanto, também aí o Benfica foi superior, com Grimaldo a contar não só com apoio direto de Everton como com a compensação de Taarabt, que entre várias recuperações terminou a primeira parte sem nenhum passe errado. Pizzi, em cima do intervalo, teve mais um remate com perigo à baliza dos minhotos mas o nulo acabaria por arrastar-se até ao final dos 45 minutos, “premiando” a densa organização defensiva da equipa visitante e “castigando” de forma inglória a avalanche ofensiva encarnada, a rematar muito sem sucesso. Por falta de tentativas não foi: apenas por uma vez o Benfica tinha rematado mais (Moreirense, 18 remates).

No regresso, Jesus arriscou a entrada de Darwin Núñez para o lugar de Everton e, por estar ausente do banco, foi João de Deus que se abraçou ao uruguaio e manteve uma conversa ainda longa ao ouvido do jogador, quase que pedindo para que se esquecesse de todas as últimas exibições e até dos problemas físicos que o têm assolado para decidir um encontro onde a equipa falhava na decisão. No entanto, também o V. Guimarães mexeu na equipa, com a entrada de Pepelu a dar outra capacidade no corredor central aos minhotos e os encarnados a terem sobretudo as suas oportunidades na sequência de bolas paradas e com menos fluência e caudal ofensivo do que nos primeiros 45 minutos. Ou seja, mais avançados equivaleu a menos perigo. E era na mobilidade que estava o segredo.

Primeiro entrou Gonçalo Ramos para o lugar de Seferovic, na procura de um segundo avançado com outro tipo de características mais móveis. Depois, Pedrinho ocupou a vaga de de Pizzi na direita do ataque. Por fim, Chiquinho para jogar também de fora para dentro no lugar de Cervi e Gabriel para reforçar a parte física do corredor central. Taarabt, o sempre inconformado Taarabt, arriscou a meia distância para defesa incompleta de Trmal, Darwin Núñez arriscou também a sorte da mesma forma sem êxito mas esta não era noite do Benfica. Mais uma vez, até pelo falhanço na pequena área de Pedrinho nos descontos a rematar por cima isolado. E até foi o V. Guimarães a ter o golo na oportunidade mais flagrante do jogo por Marcus Edwards, a atirar ao lado sozinho na área. Quando o jogo partiu, e querendo um pouco mais, os vimaranenses arriscavam-se a ganhar não tendo mais do que um par de remates durante o encontro. Isso mostrou bem a espiral do Benfica, numa lei de Murphy que não acaba.

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