O governo liderado por José Manuel Bolieiro, PSD, em coligação com o CDS e o PPM, e com acordo parlamentar assinado com o Iniciativa Liberal e o Chega, poderá custar em cargos de nomeação política mais oito milhões, ao fim de quatro anos, do que custou aos contribuintes açorianos o governo socialista anterior, escreve esta sexta-feira o semanário Expresso. Há ainda ligações familiares nesses cargos, como é o caso do recém-criado cargo de direção do Ecomuseu do Corvo, que vai ser ocupado pela mulher de Paulo Estêvão, líder do PPM Açores.

Segundo aquele jornal, em comparação com o governo anterior, o atual governo de direita tem mais um secretário regional e mais um subsecretário regional, sendo que cada um deles tem no seu respetivo gabinete um chefe de gabinete, dois adjuntos e um secretário pessoal. Há também mais dois adjuntos e uma secretária pessoal, mais oito diretores regionais ou cargos equiparados, e mais dez técnicos especialistas nos gabinetes dos membros do governo regional a auferirem uma remuneração pelo menos equivalente à de um adjunto, cerca de €3300 brutos.

Além de engrossar a fatia para o erário público, o jornal destaca ainda a teia familiar que começa a ser criada. Além de Deolinda Estêvão, casada com Paulo Estêvão (líder dos monárquicos, que apoiam o governo), que, segundo Artur Lima, líder do CDS e vice-presidente do governo regional, foi a primeira classificada num concurso feito antes de o atual governo tomar posse, há outras ligações. Uma delas é Catarina Lacerda Martins, nomeada presidente da Lotaçor, que é casada com o deputado do PSD António Vasco Viveiros, ou ainda Andreia Vasconcelos, nova diretora regional da solidariedade social, que é casada com André Castro, adjunto do secretário regional do ambiente e das alterações climáticas. Ligações que Artur Lima contesta, argumentando com os currículos adequados das nomeadas.

Quanto aos custos com pessoal, o vice-presidente do governo regional é perentório: “As contas fazem-se no fim”, disse ao Expresso, afirmando que serão feitos cortes em direções de serviços e outros tipos de cargos de chefia e nomeação política.

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Governo de direita em risco. Ventura voa para os Açores para avaliar se rasga acordo após “bullying” de PSD e CDS

Bolieiro confiante nos acordos assinados

Depois de André Ventura ter ido esta semana aos Açores com ameaças de retaliação face ao PSD e ao CDS que, no continente, rejeitaram a possibilidade de entendimento com o Chega nas autárquicas, o presidente do governo regional rejeitou acusar o toque.  Em entrevista à RTP/Açores e Antena 1, José Manuel Bolieiro disse confiar no “sentido de responsabilidade” dos vários partidos com quem o PSD firmou acordo para liderar o atual executivo regional, sublinhando que não está em causa a estabilidade do governo.

“Estou submetido à vontade do povo, do parlamento, e no quadro do cumprimento dos acordos realizados bem como do Programa de Governo”, disse o líder do PSD/Açores, garantindo que “tudo foi feito para garantir” a estabilidade do atual governo, formado por PSD, CDS e PPM. “Tudo o resto é dinâmica democrática e o sentido de responsabilidade de cada um”, concretizou.

O presidente do Chega, que está nos Açores, vai reunir-se esta sexta-feira com o presidente do Governo dos Açores e líder do PSD no arquipélago, não sobre as recentes regionais, mas sim abordando “perspetivas para o futuro”, nomeadamente as autárquicas, segundo disse André Ventura na quinta-feira aos jornalistas. “Não viemos aqui falar de eleições regionais, viemos falar de perspetivas para o futuro, de eleições autárquicas que o país vai ter”, disse.