O FC Porto continua a mostrar toda a sua revolta com a arbitragem de Fábio Veríssimo no empate sem golos no Jamor frente ao Belenenses SAD e, depois das críticas do treinador Sérgio Conceição e do diretor de comunicação Francisco J. Marques, reforçadas pela newsletter Dragões Diário, foi Vítor Baía, vice-presidente do clube e também administrador da SAD, a mostrar aquilo que descreveu como “revolta” entre os azuis e brancos.
“Quero dar a conhecer o nosso estado de espírito de revolta, pelo que temos vindo a assistir, à dualidade de critérios nos aspetos disciplinares e aquilo que tem sido o comportamento dos árbitros ao longo desta temporada, onde nos sentimos verdadeiramente prejudicados. Temos os jogadores descontentes, como é lógico, e jogadores revoltados com o que se tem assistido”, começou por dizer em declarações ao canal do clube.
“Antes de mais, quero dizer que estou feliz porque o Nanu está bem, já está entre nós, era o mais importante. Agora, sobre o lance. Já ouvi comentários como ‘Como se pode denominar este lance como choque de cabeças? Que guarda-redes é que vocês viram que sai a um cruzamento de cabeça?’ Nenhum! A nossa proteção como guarda-redes são os braços, os cotovelos, as mãos… Colocamos à frente o que nos protege. O Nanu foi para o hospital e o Kritciuk ficou em campo, basta ver por aí. Se num choque violento tenho os braços à frente, é claro que protege, mas provoca o choque. Os cotovelos estão lá, os punhos estão lá. Foi aí que se deu a lesão do Nanu”, referiu, falando também como antigo guarda-redes e um dos melhores e mais internacionais do futebol português.
“Não tenho dúvidas de que era penálti. Falta à arbitragem cultura de jogo, saber compreender o jogo, estar lá como se fosse um praticante. Enquanto isso não acontecer, será difícil. Há muita dualidade de critérios. Se fosse a contar os penáltis marcados por contacto ente guarda-redes e avançados, então aí ficavam muito corados de vergonha por não terem marcado penálti no jogo de ontem [quinta-feira]”, destacou, dando exemplos práticos: “Ao Taremi, agora para marcarem um penálti já custa bastante, já o querem denominar como piscineiro… As faltas não contam se for sobre o Marega porque ele é forte, o Corona é alvo de caça ao homem. Se vocês vissem no balneário, ficavam loucos. Não podemos fechar os olhos. Há confiança, mas os árbitros têm de fazer bem o trabalho. O nosso treinador trabalha com grande afinco, queremos a classe seja cada vez melhor, mais forte e sem influência”.
Quase em paralelo, a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, liderada por Luciano Gonçalves, respondia em comunicado às críticas abertas de Sérgio Conceição, falando até da responsabilidade extra que deve existir entre o pedido para que o treinador dos azuis e brancos seja punido pelas palavras dirigidas a Fábio Veríssimo.
“A linguagem dos agentes do Futebol tem influência direta na nossa sociedade. Quanto maior é o clube, maior é a visibilidade e, consequentemente, maior a responsabilidade nas palavras escolhidas. Vimos Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, após o seu jogo, proferir ofensas graves à integridade humana e moral do árbitro Fábio Veríssimo e da sua equipa. É inadmissível que continuemos a aceitar este tipo de palavras e comportamentos em público como ‘normal no futebol’. É urgente começar a medir as consequências das palavras proferidas. A intenção foi clara: ferir o trabalho da arbitragem. No entanto, o resultado das palavras está à vista de todos e não foi a apologia uma discussão de decisões desportivas. Gerou-se o ódio e a irresponsabilidade, principalmente através da comunicação social e redes sociais”, começou por frisar o órgão em comunicado.
“Este não é o caminho certo, este é um caminho de retrocesso e irresponsabilidade. O futebol também não é palco para ofensas, condenamos este comportamento e encaminhamos a queixa para todos os órgãos competentes. A Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol dará todo o apoio jurídico ao árbitro Fábio Veríssimo e espera que este seja mais um mau exemplo que veremos condenado à luz da justiça dos órgãos competentes. Por fim, deixamos uma palavra de solidariedade e desejo de rápidas melhoras ao atleta Eulânio Ângelo Chipela Gomes (Nanú), pois não existe resultado desportivo que esteja acima da vida humana”, concluiu.