À semelhança do que aconteceu na testagem à Covid-19, o Porto anunciou esta quarta-feira um novo projeto piloto, desta vez destinado à vacinação. O Queimódromo da cidade tem preparadas 12 linhas de vacinação drive-thru, para que a população seja vacinada sem ter de sair do carro. Este primeiro centro de vacinação Covid-19 terá capacidade para 2.000 inoculações por dia, faltando apenas que cheguem as vacinas para que entre em funcionamento.

O projeto junta a autarquia, a Unilabs Portugal, o Centro Hospitalar Universitário de São João e o Centro Hospitalar Universitário do Porto – Santo António. O processo é semelhante ao que já acontece na testagem, mas com algumas diferenças: os utentes dirigem-se de carro a este centro de vacinação, recebem a vacina num dos 12 postos existentes e terão de aguardar 30 minutos num outro parque de estacionamento dedicado ao recobro, para o caso de existir alguma reação adversa.

O centro de vacinação Covid-19 em drive-thru conta com 12 linhas de vacinação e uma zona de recobro

Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, refere que a ideia foi inspirada naquilo que outros países, como Israel e os Estados Unidos, já estão a fazer e que surgiu com a necessidade de preparar a cidade para um processo seguro e robusto de vacinação, em larga escala, assim que houver vacinas para a segunda e terceira fase do processo de vacinação.

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O país precisa de fazer uma campanha de vacinação intensa e o Governo anuncia como deadline que essa vacinação de 67% da população deverá estar completa no final de verão, a 21 de setembro. Quando olhamos para as necessidades de vacinação compreendemos rapidamente que o país terá que ter a capacidade de 55 a 60 mil vacinações por dia. E isso não é compaginável com aquilo que neste momento está a acontecer, numa fase em que ainda há poucas vacinas, em que a vacinação está a ser aplicada basicamente em hospitais e centros de saúde”, explica Rui Moreira.

O autarca considera que estes centros de vacinação são necessários para que os hospitais e centros de saúde continuem a servir “para tratar as pessoas que estão doentes”. “Para vacinar é preciso ter recursos a outras estruturas e esta é uma estrutura que pretende responder a essa necessidade”, sublinha. A autarquia está ainda disponível para triplicar a capacidade de vacinação, com a possibilidade de criar mais dois centros de vacinação: um drive-thru em São Roque da Lameira, onde se localiza o antigo parque de recolha da STCP, e um walk-thru (entrada e saída a pé) nos jardins do Palácio de Cristal.

A operação de vacinação neste centro estaria prevista para ter início a 15 de fevereiro, com a vacinação de 3.000 elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP), tendo até sido antecipada por esse motivo. O processo, no entanto, foi cancelado por decisão superior e comunicada à autarquia pela Comandante Distrital da PSP. “Ontem [terça-feira] às 17h31 recebi uma chamada da senhora comandante da PSP, dizendo que tinha recebido ordens em sentido contrário. Não há problema, porque o que é facto é que nós temos o centro de qualquer maneira preparado. Neste momento temos todas as condições. Haja vacinas, a cidade do Porto está preparada para incentivar a vacinação nestes centros“, explica Moreira.

Caso a cidade tenha três centros de vacinação a funcionar, Rui Moreira assegura que “a população do Porto consegue ser vacinada em cerca de dois meses”, havendo ainda a hipótese de este modelo ser replicado noutros municípios. “Naturalmente, a situação não se resolve no Porto. Nós somos apenas 250 mil pessoas”, reforça o autarca. Quanto à chegada das vacinas, Rui Moreira diz não ter informações, mas garante que “logo que haja vacinas, há condições para se começar a vacinar”.

Do lado dos dois hospitais da cidade cabe a formação e apoio técnico para o que for necessário, dada a experiência na primeira fase — a da vacinação dos profissionais de saúde. “A nossa vontade e objetivo é ajudar na formação, na área de farmacêutica e do lado da enfermagem”, explica Fernando Araújo, presidente do Conselho de Administração do Hospital de São João, referindo ainda que a vontade é “vacinar o mais rapidamente e em condições de segurança”.