A mulher do líder da oposição russa detido Alexei Navalny, Yulia Navalnaya, abandonou a Rússia e voltou para a Alemanha, indicou esta quarta-feira a agência noticiosa russa Interfax. Segundo as fontes da agência, Yulia apanhou um voo para Frankfurt no aeroporto moscovita de Domodedovo.

As advogadas da mulher de Navalny disseram às agências russas RIA Novosti e TASS desconhecerem se a sua cliente viajou para a Alemanha.

Yulia Navalnaya regressou a 17 de janeiro à Rússia, com o seu marido, depois de terem estado quase cinco meses na Alemanha, onde o opositor foi tratado e recuperou do envenenamento de que foi alvo em agosto de 2020.

Navalny diz ter sido envenenado por ordem do presidente russo, Vladimir Putin, e após regressar à Rússia foi detido e condenado a cumprir uma pena de três anos de prisão que tinha sido suspensa em 2014 e que foi classificada de arbitrária pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

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Nas recentes manifestações em apoio de Navalny, durante as quais foram detidas mais de 11.000 pessoas, Yulia Navalnaya também foi presa nas marchas de dia 23 e 31 de janeiro, refere a agência noticiosa espanhola EFE.

Protestos contra prisão de Navalny. Polícia deteve 3.400 pessoas, incluindo mulher do opositor de Putin

Além disso a sua casa foi alvo de buscas e um tribunal multou-a a 1 de fevereiro em 20.000 rublos (220 euros) por ter participado nos protestos.

Por outro lado, as autoridades russas emitiram esta quarta-feira um novo mandado de prisão contra um colaborador de Alexei Navalny, um militante que Moscovo classificou de traidor na terça-feira após o seu apelo a sanções europeias.

Léonid Volkov, que vive na Lituânia, já era alvo de uma ordem de detenção na Rússia.

O tribunal moscovita de Basmanny indicou à agência France-Presse que Volkov foi agora incluído na base de dados das pessoas procuradas da Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que inclui a maior parte das ex-repúblicas soviéticas, aliados da Rússia.

A porta-voz do tribunal, Irina Morozova, precisou que Volkov é procurado por ter “incitado menores a cometerem atos ilegais”, numa referência às manifestações não autorizadas de janeiro em defesa de Navalny. O delito é passível de uma pena máxima de três anos de prisão.

“Eis como reagir: (…) não prestar atenção, continuar a trabalhar”, indicou o opositor após aquele anúncio através do serviço de mensagens Telegram.

Volkov disse na segunda-feira à noite ter discutido com representantes europeus a possível adoção de sanções contra altos responsáveis russos e próximos de Vladimir Putin.

“De um ponto de vista moral e ético, é uma traição”, reagiu na terça-feira a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, em declarações à rádio Vesti FM.

A União Europeia pediu por diversas vezes a libertação de Navalny, além de acusar Moscovo de recusar investigar o envenenamento de que o adversário do Kremlin foi vítima em agosto e que levou os europeus a sancionarem vários responsáveis russo.

Na terça-feira, o Alto Representante da União Europeia para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, informou que irá propor aos líderes europeus a adoção de sanções à Rússia, no Conselho Europeu de 25 e 26 de março.