Morreu esta segunda-feira Luís Salgado de Matos, jurista, sociólogo e investigador, especializado em temas relacionados com o Estado, com as Forças Armadas e com a Igreja Católica. Fonte da família confirmou à agência Lusa que a causa da morte foi doença prolongada.

O antigo ministro e dirigente socialista João Soares lamentou esta terça-feira a morte de Luís Salgado de Matos, lembrando a sua prisão pela PIDE em 1965 quando era estudante de Direito. “Acabo de receber a notícia triste da morte do meu velho amigo Luís Filipe Salgado Matos. Conhecemo-nos há muitos, muitos anos. Fomos contemporâneos no Colégio Moderno e na Faculdade de Direito de Lisboa. Seu pai era grande amigo do meu avô João Soares”, escreveu João Soares na rede social Facebook.

Nesta mensagem, o antigo presidente da Câmara Municipal de Lisboa assinala a oposição de Salgado de Matos ao regime do Estado Novo, lembrando que “foi um dos numerosos estudantes universitários presos pela PIDE em 1965”.

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“Professor catedrático no ISCTE. Respeitado especialista em Igreja e Forças Armadas. Autor da interessante biografia de Gonçalves Cerejeira”, acrescenta João Soares, apresentando “sentidos pêsames à viúva, filha e restante família”.

Nascido em Lisboa em 1946, Luís Salgado de Matos era licenciado em Direito e doutorado em Sociologia Política pela Universidade de Lisboa.

Foi secretário de Estado da Economia do Governo de Transição de Moçambique (1974-1975), consultor do ministro da Defesa Nacional, Júlio Castro Caldas, no segundo Governo liderado por António Guterres (1999-2001), e consultor e do antigo Presidente da República, Jorge Sampaio (2001-2006).

Luís Salgado de Matos foi também diretor do Jornal do Comércio (1975-1976), presidente do Instituto Português de Cinema, presidente da administração do Teatro São Carlos e administrador do Porto de Lisboa (1983-1993).

Salgado de Matos é autor de uma biografia do cardeal Cerejeira

Na sua obra publicada, têm especial relevo os domínios das relações entre o Estado e a Igreja e do papel político das Forças Armadas, destacando-se “O Estado de Ordens” (2004), “Como evitar golpes militares” (2008), “A separação do Estado e da Igreja” (2011) e “Cardeal Cerejeira” (2018). Numa reação à notícia no Facebook, o politólogo António Costa Pinto lembra que Salgado de Matos “animou nos últimos anos de actividade académica um grupo de investigação sobre catolicismo”.

É ainda autor do romance “Dra. Helena” (1990), prémio de manuscritos do Diário de Notícias.