João Loureiro acredita que as autoridades brasileiras “já perceberam” que não tem “qualquer ligação” à meia tonelada de cocaína encontrada no avião onde voou para o Brasil e de onde deveria regressar. “Apenas constava da lista de passageiros”, afirmou em entrevista à TVI. O ex-presidente do Boavista confirmou que foi ouvido pela Polícia Federal, tal como o Observador tinha avançado, mas a seu pedido e apenas como testemunha, e que agora vai voltar para Portugal. “Não há nenhuma suspeita sobre mim“, garantiu noutra entrevista, à RTP. Aliás, o agora consultor disse mesmo que se sente “utilizado”.

Não faço a mínima ideia quem está por detrás desta situação. Imagino que seja uma organização poderosa. Sinto-me utilizado. Acho que, de certa forma, fui utilizado. Não acredito que pelas pessoas que me convidaram [a ir ao Brasil] porque as conheço há algum tempo, mas alguém aqui me utilizou”, declarou.

Loureiro explicou à RTP que este voo não aconteceu por sua causa e apenas apanhou uma “carona” até ao Brasil. O consultor diz que foi contactado precisamente por causa das funções que agora exerce por um “grupo empresarial e várias entidades que desejavam investir em Portugal” e tinham “referências” suas. Assim, voou num avião privado no final de janeiro que partiu de Tires, fez escala em Cabo Verde, parou em Salvador da Baía e seguiu até ao destino final: Jundiaí, no interior de São Paulo.

João Loureiro, 500 quilos de cocaína e empresários do futebol. O enigma do avião privado com droga retido no Brasil

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No voo de Portugal para o Brasil seguia a seu lado Mansur Ben-barka Heredia, um cidadão espanhol estava a ser vigiado pela Polícia Judiciária por suspeitas de tráfico de droga, sabe o Observador. E quem João Loureiro garantiu não ter qualquer ligação.

Conheci esse senhor no dia do embarque. Está mais do que claro no processo que não tenho relação com ele. Viemos a conversar no avião até mais de futebol”, disse em entrevista à TVI

João Loureiro lembrou ainda que, quando a droga foi apreendida, em Salvador, não estava lá. “Estava em São Paulo e já tinha decidido não voar nesse avião. Já o tinha comunicado quer à empresa de aviação quer a outras pessoas ligadas ao voo”, explicou, adiantando que decidiu voltar num avião comercial porque começou “a haver alguns atrasos e outras situações” que 0 deixaram “com pé atrás”.

Depois de ser ouvido durante várias horas, João Loureiro sai em liberdade e pode voltar a Portugal

Sobre elas, diz não poder falar porque a Polícia Federal lhe pediu e porque o processo está em segredo de justiça. Também não adianta o porquê de ter pedido ao comandante do avião que fizesse uma inspeção rigorosa à carga, mas garante que não lhe “passava pela cabeça” que pudessem ser os 500 quilos de cocaína. “Não posso divulgar. Não era a pensar que houvesse droga. Houve algumas coisas que suscitaram perplexidades e tive o cuidado de atempadamente solicitar que houvesse uma análise do que pudesse ir na carga do avião”, afirmou.

João Loureiro já tinha explicado à SIC que, logo quando aterrou, houve “problemas” com umas caixas de vinho que integravam a bagagem. O ex-presidente do Boavista mostrou mesmo uma mensagem que enviou, a 6 de fevereiro, ao comandante do avião a pedir que fossem “rigorosos na inspeção da carga”. Confrontado com esse relato, um responsável da OMNI apontou para outra versão ao Observador: disse que Loureiro “pode dizer o que quiser” e garantiu que foi o próprio comandante quem contactou as autoridades por causa dos problemas que encontrou no avião.