Alfredo Quintana partiu, Alfredo Quintana continua a ser recordado. Este sábado, a zona circundante do Dragão Arena passou a ter uma imagem pintada do guarda-redes luso-cubano e as homenagens continuam a suceder-se, com dezenas de adeptos a passarem pelo local onde foi feita na última noite uma vigília em memória do antigo jogador dos dragões e que tem cada vez mais velas, cartolinas, cachecóis azuis e brancos e demais mensagens que acompanham uma coroa de flores que tinha sido deixada na véspera. Ao mesmo tempo, logo ali ao lado, na porta 1 do recinto, foi também colocada uma tarja de fundo azul com a inscrição “Kingtana”.

O ambiente é de consternação, como ficou bem patente no arranque do encontro de hóquei em patins entre o FC Porto e o Sporting, um clássico antes do jogo grande do futebol à noite e onde foram feitas várias homenagens ao guarda-redes, que contaram também com os companheiros de andebol Victor Iturriza e Daymaro Salina, que receberam em lágrimas uma camisola com o número 1 da equipa de hóquei em patins do Sporting. E mais logo está a ser preparada mais um grande momento a recordar o internacional falecido esta sexta-feira, com todo o topo Sul com cartolinas brancas com a inscrição “Quintana 1”, como acontece já no Dragão Arena.

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As mensagens, essas, continuam a chegar. E André Villas-Boas, treinador que deixou recentemente o Marselha e que é um assumido associado dos dragões, a recordar a história de como Quintana se tornou guarda-redes.

“Partilho com vocês uma história contada pelo meu adjunto Pedro Silva, seu professor na FADEUP. Uma vez no fim de uma aula ficamos sentados a conversar no sintético da faculdade. Contou-me como chegou a guarda redes. Um dia, quando ainda estava em Havana, foram jogar fora contra alguém e o guarda-redes faltou. Ele, que jogava à frente foi para a baliza, e assim nasceu a lenda. ‘Foi a melhor coisa que me aconteceu Prof’ – disse-me! Uns anos mais tarde foi descoberto pelo FC Porto num torneio no Chile. Veio para Portugal e começou a jogar no Porto. Foi campeão e amava a cidade e o clube. Casou com uma portuguesa e teve uma filha. Não queria sair do Porto! Era um dragão! Se não tivesse ido para a baliza naquele dia, talvez tivesse sido apenas mais um menino nas ruas de Havana, talvez ainda entre nós, mas sem nunca ter vivido o sonho que estava a viver quando o conheci! Descansa em paz querido Alfredo Quintana. Os meus mais sentidos pêsames a toda a sua família”, escreveu.

Na véspera, e entre as dezenas e dezenas de mensagens que foram sendo partilhadas, a de Victor Iturriza, luso-cubano também internacional que era uma das pessoas mais chegadas a Alfredo Quintana, ganhou um peso reforçado pela emoção que acabou por traduzir o sentimento no balneário da equipa de andebol dos dragões.

“Não consigo colocar em palavras aquilo que sinto neste momento, tampouco tudo o que representaste para mim. Como se despede de um irmão? De um companheiro de lutas? De um amigo de todas as horas? A vida fará muito menos sentido sem ti para partilhá-la, mas podes ter a certeza que cá continuaremos a honrar a tua memória. Viverás para sempre em cada um que teve o privilégio de te ter nas suas vidas. Tenho a certeza que estarás para sempre a olhar por nós e a ser o nosso anjo da guarda. Não me esqueci da promessa que te fiz. Estejas onde estiveres, eu vou cuidar dos teus amores. Enquanto aqui estiver nada lhes faltará, meu irmão!”, destacou.

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