Dezoito manifestantes foram mortos este domingo em Myanmar (antiga Birmânia) por forças de segurança quando estas dispersaram com violência manifestações pró-democracia, a repressão mais mortal desde o golpe, disseram equipas de resgate e um ex-deputado.
As primeiras notícias apontavam para seis vítimas: três manifestantes foram mortos em Dawei (sul), enquanto dois adolescentes de 18 anos morreram em Bago (centro), de acordo com equipes de resgate que relataram vários feridos. Uma sexta pessoa morreu em Yangon, disse um ex-deputado do partido de Aung San Suu Kyi.
Mas a Organização das Nações Unidas (ONU) confirmaram ao jornal Washington Post que o número de vítimas é, para já, de 18, havendo ainda 30 feridos a registar em manifestações fortemente reprimidas pelas forças de segurança nas cidades de Yangon, Dawei, Mandalay e Bago. Os manifestantes terão sido vítimas de “disparos indiscriminados” sobre a multidão, afirmou fonte oficial da delegação de Direitos Humanos da ONU ao jornal norte-americano.
Os manifestantes perderam a vida durante uma repressão policial de manifestações contra o golpe militar de 01 de fevereiro.
Myanmar está a viver hoje um novo dia de manifestações em massa, após a violência policial do dia anterior, quando 479 pessoas foram detidas sob a acusação de “protestos contra o Estado”.
Apesar da repressão do dia anterior, milhares de birmaneses voltaram hoje às ruas para rejeitar o golpe militar de 01 de fevereiro e exigir a libertação dos políticos eleitos detidos, incluindo a líder deposta e Prémio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi.
A polícia em Rangum, a antiga capital e cidade mais populosa de Myanmar, voltou hoje a responder duramente, numa tentativa de dispersar a multidão e silenciar a dissidência contra os militares.
Até sábado, oito pessoas tinham morrido em resultado da violência desencadeada após o golpe, três delas mortas a tiro pela polícia, segundo dados da Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos na Birmânia, tendo sido detidas desde o início da revolta 854 pessoas, das quais 83 já foram libertadas.
A junta militar, chefiada pelo general Min Aung Hlaing, acusado de genocídio por alegadamente ter orquestrado a campanha de violência contra o grupo étnico rohingya em 2017, no oeste do país, afirmou que a polícia utiliza o mínimo de força contra as manifestações.
Os militares justificam o golpe de estado alegando fraude eleitoral cometida nas eleições legislativas de novembro, nas quais a Liga Nacional para a Democracia, partido de Suu Kyi, venceu por esmagadora maioria.
Tanto os observadores internacionais como a comissão eleitoral deposta pela junta militar após a tomada do poder negaram a existência de irregularidades, apesar da insistência de alguns comandantes do Exército, cujo partido detém 25% dos lugares no Parlamento.
A comunidade internacional tem anunciado sanções contra os líderes do golpe militar, incluindo o general Min Aung Hlaing, presidente do Conselho Administrativo de Estado e autoridade máxima em Myanmar.
Número total de vítimas atualizado às 14h01