A direção do PSD não desiste da candidatura de Pedro Santana Lopes à Câmara Municipal de Sintra. A estrutura local não desconsidera a hipótese, antes pelo contrário. Rui Rio gosta da ideia. E Pedro Santana Lopes não afasta por completo o cenário. Mas o processo ainda não está fechado.

Esta terça-feira, a concelhia e a distrital do PSD/Lisboa reuniram-se para perceber as reais hipóteses de concretizar a candidatura de Pedro Santana Lopes. O antigo primeiro-ministro não está ainda totalmente convencido das vantagens de concorrer a Sintra e a preferência continua a recair sobre a Figueira da Foz — porta que a direção do PSD fechou, como contava aqui o Observador.

Ainda assim, se Santana Lopes decidir ir à Figueira vai fazê-lo, mesmo sem a bênção de Rui Rio ou o símbolo e a sigla do PSD. 

A corrida em Sintra contra Basílio Horta é manifestamente mais difícil. Perder não é exatamente uma opção para Pedro Santana Lopes, que quer nestas eleições autárquicas um regresso aos grandes palcos da política. Derrotar um presidente em funções não é fácil; derrotar Basílio Horta, por maioria de razão, ainda mais difícil é. As confusões no aparelho local fazem duvidar ainda mais. Santana não se quer meter no meio de um saco de gatos.

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O antigo primeiro-ministro não tomou, por isso, qualquer decisão. As Câmaras de Viana do Castelo e Torres Vedras também foram apontadas como hipóteses. A primeira não lhe diz nada; a segunda foi onde Santana Lopes teve um dos seus primeiros empregos, enquanto professor.

Nenhuma é exatamente aquilo que tinha imaginado. Figueira tem um apelo emocional, mas o PSD já encontrou um candidato. Sintra, sendo a mais difícil de ganhar das quatro, é, ainda assim, a câmara de maior dimensão ao alcance de Santana Lopes.

“O elefante na sala” chamado Marco Almeida

Além da resistência de Pedro Santana Lopes, há outra questão a atrapalhar as contas do PSD. Marco Almeida, que já protagonizou duas candidaturas a Sintra, uma delas como independente, voltou a aproximar-se do partido durante a liderança de Rui Rio. Apesar de ser uma candidatura natural, a concelhia do PSD/Sintra, liderada por Ana Sofia Bettencourt, não quer sequer considerar essa hipótese. O divórcio entre os dois está há muito consumado e não há forma de se entenderem.

Bettencourt, aliás, foi ex-vereadora de Pedro Santana Lopes em Lisboa e não afasta a candidatura do antigo primeiro-ministro. Durante o processo de reflexão houve outros nomes a circular, como Carmona Rodrigues, por exemplo. E há outros nomes em cima da mesa, como Eduardo Correia, do Taguspark, e António Pinto Pereira, professor do ISCSP. Mas a primeira opção da direção  é Santana Lopes.

Ainda não conseguimos ultrapassar a questão do elefante na sala (Marco Almeida)“, lamenta ao Observador uma fonte envolvida nas negociações. Mesmo considerando Marco Almeida, a direção nacional do PSD está a resistir em comprar essa guerra, uma vez que o atual vereador não oferece garantias evidentes de vitória. Já foi duas vezes a votos e das duas vezes perdeu.

É uma situação, de resto, muito diferente de Coimbra: a concelhia escolheu Nuno Freitas e a direção impôs José Manuel da Silva, ex-bastonário da Ordem dos Médicos, que, como candidato independente em 2017, conseguiu ficar em terceiro, com 16% dos votos, porque é um nome, em teoria, mais forte do que aquele que fora aprovado pela concelhia.

Pedro Santana Lopes não quer entrar no meio desta guerra. Se Marco Almeida alinhasse nesta candidatura, sendo número dois na lista, seria uma hipótese. Se o atual vereador estiver apostado em colocar gravilha na estrada, Santana não quer sequer ouvir falar de entrar numa corrida armadilhada e logo contra um candidato forte como Basílio Horta.

Na primeira vez que ouviu falar da hipótese de ser número dois de Pedro Santana Lopes, Marco Almeida recorreu ao Facebook para classificar a questão como um delírio. Caso o antigo candidato não mude de opinião, a sua oposição pode ajudar a anular uma candidatura de Santana a Sintra.