Vice-campeão europeu em 2008, terceiro lugar no Mundial 2010, campeão do mundo em 2014 e vencedor da Taça das Confederações em 2017. 15 anos depois de ter assumido o cargo de selecionador da Alemanha, Joachim Löw anunciou esta terça-feira que vai deixar o lugar depois do Campeonato da Europa do próximo verão.

“Dou este passo muito conscientemente, cheio de orgulho e enorme gratidão, mas ao mesmo tempo sinto-me muito motivado para o próximo Campeonato da Europa. Estou orgulhoso, porque para mim é algo muito especial e é uma honra estar envolvido com o meu país. Porque trabalhei com os melhores futebolistas durante quase 17 anos e apoiei-os no seu desenvolvimento. Tenho grandes triunfos associados a eles e derrotas dolorosas, mas sobretudo muitos momentos maravilhosos e mágicos. Estou e vou continuar agradecido à Federação Alemã de Futebol”, afirmou o treinador, que tinha contrato até depois do Mundial do Qatar, em 2022, mas que terá pedido para sair logo depois do Europeu.

Löw, de 61 anos, chegou à seleção alemã logo depois do Euro 2004, onde a Alemanha não passou da fase de grupos — na altura, ainda como adjunto de Jürgen Klinsmann. Depois de uma carreira mediana como jogador, com os pontos altos a serem as passagens pelo Eintracht Frankfurt, pelo Friburgo e pelo Estugarda, já tinha passado enquanto técnico pelo mesmo Estugarda, pelo Fenerbahçe e pelo Austria Viena. Na sequência do Mundial 2006, realizado precisamente na Alemanha e onde a Mannschaft terminou no terceiro lugar graças a uma vitória frente a Portugal no jogo decisivo (Schweinsteiger bisou, Petit fez um autogolo e Nuno Gomes reduziu para os portugueses), Klinsmann decidiu não renovar contrato e Löw subiu à posição de treinador principal. Como adjunto, tinha Hans-Dieter Flick, atual técnico do Bayern Munique. No dia da apresentação, a 1 de agosto de 2006, atirou: “Farei todos os possíveis para que os nossos adeptos fiquem felizes com a nossa equipa no Europeu e tenhamos êxito no torneio”. E falhou por pouco.

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A Alemanha chegou à final do Euro 2008, onde perdeu com Espanha graças a um golo solitário de Fernando Torres na final de Viena, e começou desde logo a preparar fileiras para o Campeonato do Mundo daí a dois anos. Em 2010, na África do Sul, voltou a ficar perto do troféu: repetiu o terceiro lugar de 2006, ao bater o Uruguai no jogo decisivo depois de ser novamente afastada pela seleção espanhola nas meias-finais. Seguiu-se o Euro 2012 — onde venceu o grupo em que Portugal ficou no segundo lugar –, com mais uma eliminação nas meias-finais, desta feita às mãos de Itália. Até que chegamos a 2014.

A Alemanha já não é o que era e atingiu um “new Löw”: germânicos empatam em casa com a Suíça

Num Campeonato do Mundo em que o anfitrião Brasil tinha todas as fichas apostadas em conquistar o troféu em casa, junto de milhões de adeptos, a Alemanha estragou a festa. A caminhada começou novamente num grupo onde estava Portugal — e de onde a Seleção Nacional não passou, terminando na terceira posição — e continuou com vitórias sobre a Argélia nos oitavos, a França nos quartos e o Brasil nas meias. O afastamento dos brasileiros acabou por culminar num dos jogos mais surpreendentes e escandalosos de sempre, com os alemães de Joachim Löw a humilharem os anfitriões com um retumbante 1-7. Ultrapassadas as meias-finais, que nas últimas duas fases finais tinham sido o calcanhar de Aquiles da Alemanha, seguiu-se a final. Um golo de Götze, já durante o prolongamento, chegou para derrotar a Argentina e garantir à Alemanha o primeiro troféu internacional desde 1996, altura em que conquistou o Europeu de Inglaterra.

No Euro 2016, de boa memória para Portugal, a Alemanha caiu novamente nas meias-finais com a França, que acabaria por perder com a Seleção na final de Paris. Seguiu-se a vitória na Taça das Confederações mas, em 2018, no Mundial da Rússia, a seleção de Löw caiu com estrondo: os alemães terminaram a fase de grupos no último lugar do Grupo F, atrás de Suécia, México e Coreia do Sul. Pela primeira vez desde 1938, a Alemanha era eliminada logo na primeira fase de um Campeonato do Mundo. É neste contexto, e entre as polémicas internas que afastaram figuras como Müller, Boateng e Hummels da seleção, que Joachim Löw vai deixar o cargo que ocupou nos últimos 15 anos. Mas antes, ainda vai tentar colocar a Alemanha ao mais alto nível no Europeu.