8 de março – ontem foi um dia como todos os outros, não fosse o facto de a data convidar a recordar as conquistas do sexo feminino. E foi exactamente isso que a Alfa Romeo fez para prestar homenagem às mulheres: foi ao baú das recordações e fez uma viagem no tempo ilustrada com o rosto das mulheres piloto que questionaram o sentido a expressão “sexo fraco”, ao volante de um carro de competição da marca italiana.

Tudo começou com uma baronesa. Num período entre duas grandes guerras, Maria Antonietta d’Avanzo batalhou contra os melhores pilotos da época, incluindo Enzo Ferrari, e não deixou por mãos alheias os créditos que lhe eram devidos. A Alfa recorda-a como uma “pioneira no desporto automóvel italiano” que conquistou o 3.º posto com um Alfa Romeo G1 no circuito de Brescia em 1921.

Depois, na década de 1930, foram três as mulheres a escrever o seu nome na história da competição, colando-o ao da Alfa Romeo. Uma delas foi Anna Maria Peduzzi que, a título de curiosidade, era casada com o piloto Franco Comotti. Estreou-se na competição com um Alfa Romeo 6C 1500 Super Sport que tinha comprado ao próprio Ferrari para, no pós-guerra, passar para os comandos do Alfa Romeo 1900 Sprint e do Alfa Romeo Giulietta. Mas embora as corridas fizessem parte da vida do casal, esta piloto corria quase sempre sozinha – o que não a impediu de conhecer o “sabor” da vitória, nomeadamente na classe 1500 das Mille Miglia.

Odette Siko e Hellé Nice foram as duas outras mulheres que marcaram a competição da Alfa nos anos 30 do século passado. As duas francesas davam nas vistas pela elegância no paddock e pelo espírito combativo em pista. Odette rivalizou com nomes lendários como Nuvolari, Varzi, Caracciola e Sommer, tendo ficado em 4.º lugar das 24 horas de Le Mans em que Sommer se sagrou campeão ao volante de um 8C 2300. A francesa corria também com um Alfa Romeo (6C 1750 SS) e ganhou na classe reservada aos 2 litros. Já Hellé Nice tinha o “bichinho” das corridas, apesar de ser uma extrovertida multifacetada: foi modelo, bailarina e acrobata, mas quase perdeu a vida em 1936 no Grande Prémio de São Paulo, no Brasil. Escapou do coma ao fim de três dias, para voltar a sorrir à vida com a alegria de quem somou vitórias em pista e o orgulho de ter sido das primeiras mulheres piloto a exibir no seu carro de competição as marcas dos patrocinadores.

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Seria preciso esperar mais de uma década até surgir “Sayonara”, pseudónimo com que a piloto italiana Ada Pace se inscrevia nas provas, onde subiu por diversas vezes ao pódio quando corria com o Giulietta Sprint Veloce ou o SZ. Mais tarde chegou a vez de brilhar com o Giulia Sprint GTA que, na década de 60, permitiu à belga Christine Beckers mostrar como se podia dominar um desportivo tão “temperamental”. Susanna Raganelli, outra das mulheres piloto a revelar preferência pelo indomável italiano, além de ter sido uma das únicas 12 pessoas a fazer-se proprietária do emblemático 33 Stradale de 1967.

Nos anos 80, mais precisamente entre 82 e 84, Maria Grazia “Lella” Lombardi (que foi a segunda italiana a competir na Fórmula 1) conquistou uma série de títulos com o Alfa Romeo GTV6 2.5, inclusivamente ao lado de outra mulher no papel de copiloto (Anna Cambiaghi) no Europeu de Turismo. Uma década depois, em concreto em 1992, chegou a vez de Tamara Vidali impor a sua superioridade no campeonato italiano de Turismo (Grupo N), aos comandos de um Alfa Romeo 33 1.7 Quadrifoglio Verde.

Mais recentemente, cabe à colombiana Tatiana Calderón dar provas de que nada impede as mulheres de darem passadas largas no desporto automóvel. Em 2008, converteu-se na primeira mulher a ganhar a classe JICA do Stars of Karting Championship East Division, nos EUA. Ingressou na Sauber em 2017 e bastou um ano para ser promovida de piloto de desenvolvimento da equipa de F1 a piloto de testes, o que faz dela a primeira mulher latino-americana aos comandos de um Fórmula 1.