Ser candidato à Câmara Municipal de Lisboa foi “a decisão mais difícil da [sua] vida”, afirmou na noite desta quarta-feira Carlos Moedas na “Grande Entrevista” da RTP. “Não podia dizer que não à minha cidade, a este desafio”, insistiu, referindo que o maior impacto da decisão foi a nível familiar: deixou tudo o que tinha, incluindo um “certo conforto no dia a dia” e um sítio que “adora”, a Fundação Gulbenkian. “Não tenho plano b, mudei a minha vida toda para isto.”

O ex-comissário europeu, que diz não ser um político profissional, garante que foi convidado pelo líder do PSD, Rui Rio, e que a decisão foi tomada porque este “é um momento importante para o país e para a cidade”. Moedas  demorou pelo menos um mês a tomar a decisão “muito solitária” e quer contrariar o que considera ser uma cidade “com uma governação que já está gasta e cansada”.

Carlos Moedas: “Este não era o momento de dizer não. Estou aqui para ganhar”

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Na entrevista, garante que está “muito convencido” de que vai ganhar a corrida à Câmara Municipal de Lisboa. A candidatura tem o apoio de partidos como PSD, CDS ou Aliança, e diz respeito a uma “coligação não socialista, moderada e progressista” que não conta com a Iniciativa Liberal, partido com o qual o candidato não chegou a ter negociações. “A ideia deles é terem um candidato próprio e respeito isso, mas não muda nada o que estou a fazer.”

Questionado sobre se não incluir o Chega foi uma ideia inicialmente considerada na coligação, Carlos Moedas afirma que é social-democrata, progressista e que acredita numa “sociedade multicultural”, da “diversidade e da diferença”. “A minha visão do mundo não se coordena com aquela que é a visão do Chega”, diz, distanciando-se do partido de André Ventura. Questionado também se o PSD poderia formar Governo com apoio do Chega, Moedas lembra as coligações existentes com partidos que “não acreditam na União Europeia, que são contra a moeda única e a NATO”. “Mas, o sentimento que tenho como político, é que aquilo que o Chega representa é muito diferente daquilo que eu represento”, rematou.

Marques Mendes: Carlos Moedas é um “candidato inevitável” à liderança do PSD

Moedas rejeita a ideia de que a candidatura à CML é um trampolim para voos maiores — como alcançar a liderança do PSD — e insiste que, na sua cabeça, está apenas “ganhar” a câmara e mudá-la: “Estou muito convencido que vamos conseguir ganhar. (…) As pessoas querem essa alternativa.” Insistindo na ideia da reconstrução de Lisboa, e lembrando que o que está por vir será “muito duro”, Carlos Moedas recusa ideia de ser o “candidato da troika”: “Sinto que em Portugal se está a tentar fazer um certo revisionismo da história. Pertenci a um Governo que tirou Portugal da troika (…) Eu nunca mais quero ver a troika no país”.

Falando agora do plano com o qual vai concorrer à CML, Moedas lembra que Lisboa “tem de ser uma cidade para as pessoas, para os lisboetas” e que, a certa altura, esta começou a ser construída em função dos turistas. “Tem de se ter a capacidade de ter turismo que funcione para as pessoas.” E reconheceu que Fernando Medina trouxe turismo para a cidade, ainda que limitado a algumas zonas.

Lisboa vai precisar de um novo aeroporto, sem dúvida, porque vamos voltar à normalidade, não sabemos se em 2023 ou em 2025. (…) Precisamos de mais um aeroporto e aquilo que sempre defendi é que precisamos de uma Portela + 1″, diz ainda.

Outro ponto de destaque do plano, garante, implica responder à seguinte pergunta: “Como é que nos vamos preparar para outras pandemias? Não podemos voltar a fechar a economia desta forma.”