A reunião entre André Ventura e os dois deputados do Chega/Açores foi “inconclusiva” e pode levar à saída do líder do partido no arquipélago, Carlos Furtado. Segundo disse ao Observador fonte do Chega conhecedora do processo, “os dois deputados continuam sem se entender” e “há uma forte probabilidade de Carlos Furtado ser afastado no início da semana“, com a retirada de confiança política.

O presidente do Chega viajou para os Açores numa deslocação que já estava prevista, no âmbito das eleições autárquicas, mas o desentendimento entre Carlos Furtado e José Pacheco tornou-se um tema central na reunião. Após a conversa que não surtiu efeito, André Ventura mantém-se no arquipélago e vai voltar a reunir com os deputados no início da semana, altura em que deve haver uma decisão final para o caso mas, de acordo com a mesma fonte, o líder do partido “não admite divergências em temas como o RSI e o gabinete de corrupção”, duas das maiores bandeiras do Chega nos Açores.

O tema RSI foi a razão do desentendimento entre Carlos Furtado, líder do partido nos Açores, e José Pacheco, secretário-geral, depois de uma publicação no Facebook do partido intitulada “Chega contra aumento Rendimento Social de Inserção (RSI) nos Açores”.

RSI divide Chega. Ventura voa para os Açores e admite retirar confiança a deputados

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No texto podia ler-se que, apesar de o RSI ter diminuído em relação há um ano, os beneficiários aumentaram “em mais de 200 no início deste ano”. “O Chega continua a defender a urgência em baixar o RSI na região. Aliás, esta é uma bandeira eleitoral do partido e um compromisso assumido pela coligação governamental”, acrescenta na mesma publicação.

José Pacheco escreveu ainda que era preciso “apurar” as circunstâncias já que — apesar do momento de pandemia que se vive — o partido não se pode “conformar com estes números”. “Estamos atentos e nunca distraídos perante esta e outras situações porque, como diz o sábio bom povo: “Não foi isso que combinámos!”, conclui.

A publicação acabou por ser apagada pelo próprio presidente do Chega Açores e também deputado, Carlos Furtado, que declinou “qualquer responsabilidade” pelas palavras que estiveram no Facebook do partido. “Com efeito o crescimento do RSI na região é uma notícia que não agrada a ninguém, mas é a consequência das debilidades da nossa região. O Chega, como qualquer outro partido com representação na Assembleia Regional, tem a obrigação de contribuir para a resolução deste problema e não apenas criticar por criticar“, escreveu o presidente.

https://www.facebook.com/carlosaugusto.furtado.1/posts/3873370566034671

“Deste modo, informo que para a Direção Regional do partido e para mim, os problemas de excesso RSI na região merecem a nossa melhor atenção, com o objetivo de se arranjar soluções eficazes, sendo que neste momento as responsabilidades que nos são imputáveis, não nos permitem a critica fácil e populista”, concluiu Carlos Furtado.