O Porto Canal estreou esta terça-feira noite a nova grelha, com nova programação e painel de comentadores, com uma entrevista de Estela Machado, que trocou a RTP para ser a nova diretora adjunta, a Pinto da Costa. Ao longo de quase uma hora, o presidente dos azuis e brancos abordou vários temas do futebol e não só e deixou também algumas notícias, nomeadamente as negociações muito avançadas para renovar contrato com Otávio ou a garantia de que a SAD irá cumprir o pagamento integral e num caso até antecipado dos dois empréstimos obrigacionistas que vencem nos próximos meses. Ainda assim, e também pelo momento que a equipa de futebol atravessa, foi sobre Sérgio Conceição e a sua continuidade que recaíram as primeiras questões. E com uma garantia.
“Abraço a Sérgio foi gesto para compensar a perseguição que lhe é movida”
“A minha ideia foi sempre que eu, enquanto presidente, não queria outro treinador. Conheço-o desde 16 anos de idade, quando veio para o FCP. Reconheço o amor que ele tem pelo FC Porto. Estava certo que teria sucesso. O ponto atual da renovação? O Sérgio [Conceição] tem contrato. É minha intenção e dele renovar. Ele entendeu que nesta altura quer estar focado na Champions, mas tenho a certeza que, antes do final da época, faremos um novo contrato. Ele é uma peça importante no projeto. Há quatro anos, poucos acreditavam mas eu acreditava cegamente e continuo a acreditar que podemos fazer muito mais. Exigências para ficar? Deve haver mas não foi comigo que ele falou… Vi isso em alguns jornais mas o Sérgio nunca nos pôs nada que condicionasse a sua permanência no FC Porto, nunca pôs isso como exigência ou condição. Abraço em Turim? Simbolizou o meu agradecimento ao Sérgio, é um gesto para compensar a perseguição que lhe é movida”, destacou, recordando também aqueles que contribuíram para aquela passagem aos quartos como Reinaldo Teles.
“FC Porto pode ir à final e ganhar a Champions. É o meu desejo e esperança”
“Penso que depois de ter eliminado a Juventus, o FC Porto pode ir à final e ganhar a Champions. É o meu desejo, a minha esperança e acredito que pode acontecer. E já acreditava antes do jogo com a Juventus. Disse em 1987 que era possível quando ninguém acreditava. Só eu acreditava e depois o Artur Jorge sentiu-se contagiado e passou a acreditar. Tirando a primeira final, em 1984 com a Juventus, que perdemos, jogámos em mais sete finais e ganhámos todas. É evidente que seja qual for o adversário nos quartos, queremos ganhar”, revelou.
“Renovação de Otávio está presa por detalhes, Marega não tem prazo”
“No início da época havia quatro jogadores em final de contrato: Pepe, Sérgio Oliveira, Otávio e Marega. Decidimos que queremos continuar com os quatro jogadores. Eu decidi que primeiro tinha de ser o Pepe, pelo que significa para o FC Porto. Podia ter ido para o estrangeiro. ganharia no mínimo três vezes mais do que aqui e veio apenas por paixão. Entendi que pelo passado dele, e com atitude e dia a dia como vive, ele tinha de ser o primeiro a renovar. Tem provado nos últimos jogos que se calhar daqui a dois anos estamos a renovar de novo. Aos 38 anos, no jogo com o P. Ferreira, correu mais de dez quilómetros, o que é notável para um central. Depois iniciámos com os outros três. Com o Sérgio Oliveira, renovámos há algum tempo. Com o Otávio estamos em conversações diretas com empresário, estamos perto de acordo que está preso por detalhes. Com o Marega já comunicámos que estamos interessados, estamos à espera que o empresário venha cá porque tem tido dificuldade em deslocar-se pela pandemia, não tem tido aviões. É quando empresário puder vir”, explicou.
“Pessoas que mandam no futebol deviam ter salvaguardado questão do calendário”
“No campeonato em sido uma época muito difícil. Achei muito engraçado quando disseram que foi uma vitória do futebol português, pois somos portugueses, mas foi do FC Porto, porque ao contrário do que acontece noutros países, como na Holanda com o Ajax… O FC Porto foi jogar ao terreno da Juventus, com apenas um golo de vantagem, e três dias antes foi jogar a Barcelos. Essa tem sido uma das condicionantes. É humanamente impossível exigir que os jogadores estejam sempre ao mesmo nível. O futebol português não ajudou nada. Quem devia salvaguardar essas situações são as pessoas que mandam no futebol português, que não sou eu. Naturalmente a Federação e a Liga. Na Holanda foi a Federação que impediu. O que era bonito era dizer ‘Alto e pára o baile’, o FC Porto tem aqui um jogo de eliminatória, não pode estar a jogar três dias antes e três dias depois”, lamentou.
“Se não é pelo Canal 11, se não é pela APAF, em bruxas não acredito…”
“Hoje falei com um responsável do futebol português e falámos disso. Disseram-nos que havia vários complôs para que o FC Porto B descesse de divisão. Um deles, até foi dito em Chaves a um responsável do FC Porto, que a FPF tinha interesse que o FC Porto B descesse pois indo para 3.ª Divisão os jogos passariam para Canal 11. Outro que havia complô da APAF, que seriam os árbitros menos conhecidos e de menos categoria a serem nomeados. Não acreditava numa coisa nem outra. Eu não acredito em nenhum mas, jornada após jornada, o FC Porto perde pontos unicamente por erros dos árbitros. Se não é pelo Canal 11, que é absurdo, se não é pela APAF que é absurdo, em bruxas não acredito, milagres não são frequentes e só em Fátima… No último jogo em Chaves, o FC Porto faz o golo da vitória quando faltavam três minutos, o jogador mais de meio metro atrás do defesa, e o senhor Rui Licínio levantou a bandeira. Os responsáveis sabem que é assim e não encontram solução. É fundamental que haja VAR, são tão flagrantes e incompreensíveis”, comentou sobre o trajeto da equipa B na Segunda Liga.
“FC Porto paga 42 milhões por ano de impostos, mais sete de Segurança Social”
“Bazuca de 65 milhões para o desporto? Para o futebol não profissional pode ser bom mas o que me diz respeito é futebol profissional. Quanto a isso, não há resposta nenhuma do Governo. O FC Porto teve um prejuízo de 27 milhões de euros por não ter público nos estádios: receitas de jogos, cativos, camarotes, merchandising fechado. O FC Porto paga 42 milhões de euros por ano de impostos, mais sete milhões de Segurança Social… Sabe qual foi a ajuda? O FC Porto como qualquer empresa tem direito à devolução do IVA. Tínhamos a receber até 31 de dezembro 7,5 milhões do Estado. Não nos pagaram. A 5 de janeiro entrámos em Tribunal e nessa altura pagaram quatro milhões, a 21 de janeiro reclamámos os 3,5 milhões. O tribunal notificou o Ministério das Finanças para pagar e até agora… Agora em março mais um milhão e tal… Isto não são subsídios, isto é restituição do que temos direito”, contou, mostrando também surpresa pela preocupação com o tema da centralização dos direitos desportivos que irá acontecer apenas em 2028, quando os clubes terminarem os atuais vínculos com as operadoras.
“Empréstimos obrigacionistas serão pagos, um antecipadamente, em junho”
“Fair play financeiro? Estamos convencidos que está tudo orientado nesse sentido. No primeiro semestre tivemos um lucro de 34 milhões de euros e neste momento temos dados que nos permitem pensar que podemos melhorar no segundo semestre. A Champions também foi importante, tal como a saída de jogadores não contabilizadas. Por exemplo, o Danilo só será concretizado quando o PSG for à Champions. Passivo? O nosso capital, que é negativo, tem o nosso plantel avaliado em 74 milhões, o Transfermarkt, que avalia sempre por baixo, tem o nosso plantel valorizado em 274 milhões e vale mais do que isso… Vou-lhe dar um exemplo: tínhamos um jogador que estava avaliado em um milhão de euros e negociámos esse jogador por 40 milhões [n.d.r. Fábio Silva]. Em toda essa diferença de capitais estamos perfeitamente tranquilos. Empréstimos obrigacionistas? Se tudo correr normalmente, como esperamos, um vai ser pago antecipadamente, em junho, e o outro será pago em julho”, comentou, explicando também os cálculos que têm de ser feitos sobre o valor (não real) de cada jogador.
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“Doping de Alarcón? Vamos recorrer e vamos até à últimas consequências”
“O Raúl Alarcón, quando veio o inquérito, entregou o assunto a um advogado espanhol. Eu e o senhor Quintanilha, que é o responsável pela W52 FC Porto, contactámos o Alarcón, demos-lhe conhecimento. Ele está em julgamento, na quinta-feira [amanhã] chega ao Porto e na sexta reúne-se connosco. Iremos recorrer até onde for possível internacionalmente. Porquê? Porque as pessoas pensam que ganhou a Volta, e foram duas vezes, porque estava dopado. Ele em todas as etapas fez controlo antidoping e em nenhum acusou positivo. Ele teve um desastre, que foi público, em que ficou todo maltratado, teve de ser operado e tomou medicação que, se estivesse a correr, não poderia tomar. A W52 comunicou a quem devia isso. Ele foi acusado porque o boletim biológico teve alterações, não porque tomou doping. Vamos recorrer e vamos até às últimas consequências para defender a honra do ciclista e da própria equipa”, prometeu, recordando as várias idas a etapas da Volta que tem feito.
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“Golo do Rui Silva com o braço direito não foi acaso certamente…”
“Fiquei muito satisfeito com a vitória de Portugal no andebol. Fiquei muito emocionado e contente com a homenagem que fizeram ao Quintana. Fiquei contente porque o Presidente da República, que é sempre lesto a mandar cumprimentos, pensei que ele não soubesse que o Alfredo tinha morrido, fiquei satisfeito por vê-lo a falar nas redes sociais. O Quintana era um grande atleta, um cidadão exemplar e isso vê-se no sentimento dos companheiros. O facto de o Rui Silva ter marcado o golo com o braço direito não foi por acaso certamente… E é justo que se lembre que o treinador do FC Porto também tem mérito nesta seleção, foi ele que trouxe o 7×6 por exemplo. É justo lembrar que numa Seleção temos 12 jogadores e não são 13 porque o Quintana não está em termos físicos mas continua com a equipa”, recordou no final da entrevista ao Porto Canal.