Parecia que estava escrito. Que era destino. E não, não foi porque a França estava como adversário.

No último Mundial de andebol, em janeiro, o central teve um remate no poste no último segundo do jogo frente à Noruega, a abrir a Ronda de Elite. Portugal ganhou depois à Suíça, perdeu com a França num encontro em que as forças físicas e mentais eram poucas, e acabou por falhar a entrada nos quartos da competição. O décimo lugar no final foi uma prestação histórica e inédita mas se aquela bola aos 60 minutos do jogo contra os nórdicos tivesse entrado, o que faria com que a Seleção passasse a somar seis pontos ali, a epopeia tinha sido ainda maior. Maior ainda do que o Campeonato da Europa de 2020, onde Portugal terminou num inédito sexto lugar.

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Parecia que estava escrito. Que era destino. E sim, foi porque o último golo pertenceu a Rui Silva.

Perante um quadro competitivo extremamente exigente em termos físicos para uma equipa que estava no limite por todo o contexto que rodeou este torneio pré-olímpico, a situação do central estava este domingo ainda mais complicada tendo em conta a lesão de Miguel Martins frente à Croácia que tirava uma alternativa fundamental a Paulo Pereira para rodar o número 14 no seu posto. E, além disso, as suas características cerebrais na organização ofensiva do 7×6 não davam margem para descanso. Rui Silva foi buscar forças onde já só podiam estar fraquezas para roubar a bola no ataque francês, sair rápido e marcar o 29-28 decisivo a cinco segundos do final.

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Parecia que estava escrito. Que era destino. E, também, porque teve uma dedicatória sentida.

Rui Silva não aguentou as lágrimas no minuto de silêncio do primeiro jogo oficial depois da morte de Alfredo Quintana, no dia seguinte à última despedida do companheiro, amigo e “irmão” de quase uma década no clube e na Seleção. Essa receção ao Elverum (curiosamente, uma equipa da Noruega, que enquanto seleção tinha afastado Portugal no Mundial), a contar para a Liga dos Campeões, terminou com uma vitória do FC Porto por 38-31 mas o sentimento de derrota no final. Porque, na verdade, todos tinham perdido, qualquer que fosse o resultado.

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Quis o destino que fosse Rui Silva a escrever um momento histórico. Por Quintana, com Quintana.

“Correste comigo, remataste comigo e marcaste golo comigo. Agora vamos a Tóquio e juntos continuaremos a fazer história! Hoje e sempre será por ti”, escreveu o central na sua conta do Instagram, mostrando pela primeira vez a imagem de Alfredo Quintana que tatuou no braço direito. O braço que fez história por Portugal.