O cenário era tudo menos normal dentro de uma época que seria sempre anormal mas esta “nova normalidade” até chegarmos ao velho normal fez com que a Taça da Liga, uma competição que arrancava em 2019/20, tivesse logo as duas primeiras finais em pouco mais de dois meses. E, também de forma atípica, Filipa Patão, técnica do Benfica que tinha conseguido a primeira vitória logo ao segundo jogo no comando das encarnadas depois da saída de Luís Andrade no final de 2020, podia conquistar mais um troféu. No entanto, e para isso, teria de quebrar a história dos dérbis desta temporada, onde o Sporting ganhou por duas vezes e em ambas sem sofrer golos.

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Na primeira fase do Campeonato, as leoas ganharam na Tapadinha por 3-0 num encontro onde um bis de Ana Capeta, a fechar a primeira parte e a abrir a segunda, fez a diferença; no último sábado, novo triunfo agora já no Seixal, com Carolina Mendes a marcar o único golo logo nos minutos iniciais tendo ainda uma bola no poste. A eficácia nas oportunidades iniciais tinha sido importante para definir o resto do encontro e esta final da Taça da Liga não foi exceção mas com as encarnadas a inverterem esse registo recente em seu benefício.

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Em relação ao onze que começou o encontro no Seixal no passado sábado, Susana Cova fez apenas uma alteração na frente com a saída de Carolina Mendes para a entrada de Ana Capeta, ao passo que Filipa Patão trocou não só a lateral Matilde Fidalgo por Lúcia Alves como Marta Cintra por Kika Nazareth. E essa mexida, colocando a jovem de 18 anos como vértice ofensivo do losango do meio-campo no apoio a Cloé Lacasse e Nycole Raysla, acabou por ser o fator diferenciador do início de encontro a todo o gás das encarnadas, que chegaram nesse período ao 2-0.

Logo no quarto minuto, numa boa zona de pressão ofensiva quando o Sporting procurava construir a partir de trás, a jovem internacional recuperou a bola, teve um primeiro remate para defesa de Inês Pereira mas Cloé Lacasse fez a recarga para o 1-0. Pouco depois, na sequência de mais uma jogada de envolvimento pela direita, a mesma Kika Nazareth teve nova oportunidade na área mas o remate saiu por cima, antes de ganhar uma grande penalidade por falta de Ana Borges que permitiu a Nycole Raysla aumentar a vantagem no quarto de hora inicial (13′). A formação verde e branca sentia grandes dificuldades para chegar ao último terço, fez apenas o primeiro remate e sem perigo por Ana Capeta, de fora da área, para defesa fácil de Letícia (32′) mas o encontro iria mudar de forma radical.

Na sequência de uma entrada mais dura sobre Ana Borges, Beatriz Cameirão viu o segundo amarelo e deixou o relvado do Dr. Magalhães Pessoa em lágrimas. O Benfica teria de jogar o resto da final reduzido a dez, com a possibilidade de reavaliar posicionamentos ao intervalo ainda com dois golos de vantagem, mas um golo de Bruno Costa na sequência de um canto logo no arranque da segunda parte (52′) deixou tudo em aberto, antes de Tatiana Pinto falhar o mais difícil na área depois de uma grande jogada de Capeta que podia ter dado o empate (58′).

Cloé Lacasse, quase sempre lançada por Kika Nazareth, chegava sozinha para colocar a defesa leonina em sentido sempre que surgia em velocidade (com cada vez menor apoio perante as dificuldades físicas que ficaram bem expressas em Lúcia Alves, que saiu com grandes problemas de maca) mas o Sporting aproveitava a superioridade numérica para ter mais posse, estar mais tempo no meio-campo contrário e criar mais lances de perigo, sobretudo um em que Ana Borges ganhou a linha pela direita, voltou a cruzar atrasado mas Andreia Jacinto rematou isolada por cima (83′). O risco era total e Carolina Mendes, que entretanto tinha entrado para o lugar de Ana Capeta, teve uma bola na trave num grande remate de primeira que voltou a ameaçar o empate (89′).