O movimento Cidadãos por Lisboa (CPL), fundado em 2007, tornou-se esta segunda-feira associação política com o objetivo de reforçar a sua legitimidade e participar mais nas questões da cidade “para além da participação nos atos eleitorais”.

Em declarações à agência Lusa, a vereadora da Habitação do município da capital, Paula Marques (Cidadãos por Lisboa, eleita na lista do PS nas últimas eleições autárquicas) defendeu que o movimento “atingiu um período de maturidade política” e que, tendo em conta a intervenção que tem tido na cidade, “fazia sentido” a constituição da associação.

“Achámos que era o momento de consolidarmos este nosso trabalho, este nosso percurso e, por isso, há uma outra legitimidade quando nós nos constituímos como uma associação, com órgãos eleitos, com decisões democráticas nos órgãos e, na verdade, o associativismo e a mobilização foi aquilo que nos juntou e foi sempre o nosso rumo durante estes anos”, sublinhou Paula Marques, da comissão instaladora.

Os Cidadãos por Lisboa, enquanto associação política, pretendem ir mais “além dos momentos autárquicos” e ter intervenção em “questões nacionais que dizem respeito e que impactam na vida das cidades”, notou a autarca, dando como exemplo a discussão em torno do aeroporto.

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“Eu gostaria muito, se tivéssemos de hoje para amanhã um processo referendário em Lisboa sobre qualquer matéria ou matérias nacionais que tenham impacto em Lisboa, que os Cidadãos por Lisboa, como associação política, pudessem participar nessa discussão e em atos referendários”, destacou ainda.

Os Cidadãos por Lisboa, que têm representação na assembleia e na câmara municipal, defendem “uma cidade assente num modelo económico multifuncional, não só focada no turismo, cidade aberta, plural não segregada” e consideram que, num momento de crise como o que se vive, importa “recentrar as prioridades, reduzir as assimetrias sociais, aumentar os mecanismos de solidariedade e de redistribuição”.

“Não há nada mais interessante do que ter órgãos eleitos, em que há discussão, em que há uma partilha com outras associações, com outras associações congéneres. Não tem a ver com a questão da legitimidade menor ou maior num processo de candidatura autárquica porque isso os grupos de cidadãos eleitores têm muita legitimidade e foi esse o nosso pontapé de saída”, referiu.

Sobre se será candidata à presidência da nova associação, cujo ato eleitoral deverá realizar-se nos próximos dias, Paula Marques respondeu apenas: “veremos”.

Relativamente às eleições autárquicas deste ano, que deverão realizar-se em setembro ou outubro, Paula Marques garantiu que os Cidadãos por Lisboa já estão a trabalhar no tema, mas sem adiantar pormenores.

A vereadora da Habitação da Câmara de Lisboa salientou ainda que, ao longo dos últimos anos, “muito tem sido feito para transformar a cidade”, mas defendeu que é necessário “ir mais além, em particular nas questões da intervenção social” e no “recentrar de prioridades” face à “crise profunda” provocada pela pandemia de Covid-19.

“Só uma convergência à esquerda, para mim e para nós Cidadãos Lisboa, é que responde aos desafios que temos”, afirmou.

Paula Marques reforçou, assim, que devem “ser criadas as condições políticas para uma convergência de esquerda plural, com os partidos políticos com pensamento que vai neste sentido, mas também com os movimentos sociais, associações e cidadania ativa”.

“O que serve à cidade é mesmo um projeto que tenha esta ideia de futuro, de recentrar as cidades e de relançar esta esperança no futuro que nós bem precisamos”, concluiu.

Os Cidadãos por Lisboa são atualmente representados na autarquia lisboeta, presidida por Fernando Medina (PS), pela vereadora da Habitação, Paula Marques, e pelo vice-presidente do município, João Paulo Saraiva, também responsável pelo pelouro das Finanças.

O movimento foi fundado em 2007 pela arquiteta Helena Roseta, nas eleições intercalares da autarquia.