A Epic Games, dona de um dos videojogos online mais populares do mundo, o “Fornite” e de apps como o Houseparty está a finalizar um financiamento de mil milhões de dólares (cerca de 843 milhões de euros). Desta forma, ficará valorizada em 28 mil milhões de dólares (cerca de 23,58 mil milhões de euros). A notícia, que foi avançada no domingo pela Sky News, surge oito meses depois de a empresa de videojogos ter declarado abertamente guerra à Apple devido à forma como a tecnológica taxa quem quer estar na sua loja de aplicações, a App Store.
Em julho, antes de o conflito entre a Epic Games e a Apple escalar, a Epic estava avaliada em 17,3 mil milhões de dólares. Esta valor foi anunciado pela própria empresa depois de ter angariado 1,78 mil milhões de dólares numa ronda de investimento que contou com a participação de outro gigante tecnológico, a japonesa Sony.
É esperado que o julgamento do processo interposto pela Epic Games à Apple comece a 3 de maio. Como avançou o TechCrunch, este caso deverá levar ao banco das testemunhas Tim Cook, presidente executivo da Apple, e Tim Sweeney, o fundador e líder da Epic Games.
O conflito entre a Epic Games e a Apple tornou-se público em agosto de 2020. Tanto a Apple como a Google recebem até 30% do valor de cada compra feita dentro das aplicações que disponibilizam pelas suas lojas de apps digitais (AppStore e PlayStore) — e isto inclui a app do “Fortnite”. No mesmo mês, a Epic Games anunciou que tinha criado um sistema de pagamentos diretos na empresa, podendo assim contornar o sistema da Apple e Google.
Num comunicado divulgado nesse mês, a Apple acusou a Epic Games de ter “violado” de forma “expressamente declarada” as normas da App Store. Contudo, a dona do “Fortnite” acusou a Apple e a Google de serem “monopolistas”. O conflito escalou com a Epic Games a tornar-se a cara de uma nova luta tecnológica de David contra Golias, sendo Golias a Apple e a Google. As críticas têm tido maioritariamente a Apple como alvo, que cobra taxas mais caras.
O processo que vai decorrer nos EUA pode mudar a forma como as empresas tecnológicas dominantes no mercado de sistemas operativos móveis, como é o caso da Apple e da Google, operam. Se a Epic Games sair vitoriosa desta guerra, as empresas que querem vender os seus softwares através das lojas do iOS e do Android podem passar a ter novas regras com valores mais acessíveis. E este conflito não é só restrito aos EUA.
Em fevereiro, a Epic Games pediu à Comissão Europeia para investigar a Apple por abuso de posição dominante no mercado, suspeita que também tem estado na mira de Bruxelas. Tudo isto decorre numa altura em que a comissária europeia para a Concorrência, Margrethe Vestager, continua a querer que a Apple atue no mercado de forma diferente à que tem feito.
Vestager: Bruxelas não desiste de “maratona” contra práticas fiscais ilegais
A Epic Games foi fundada por Tim Sweeney, nos EUA, em 1991. Além do popular “Fortnite”, a empresa é responsável pelo “Unreal Engine”, um dos programas para se fazer videojogos mais populares entres as produtoras da indústria. Sweeney continua a ser o principal acionista empresa. Além disso, a tecnológica chinesa Tencent, dona, entre outras empresas, da Riot Games, responsável pelo “League of Legends”, detém mais de 40% do resto das ações.