21 de maio de 2016. A geração de 1999 conquistava o Europeu Sub-17, ao vencer Espanha na final do Azerbaijão. 29 de julho de 2018. A geração de 1999 conquistava o Europeu Sub-19, ao vencer Itália na final da Finlândia. 25 de março de 2021. A geração de 1999 dava o primeiro passo no Europeu Sub-21 com o objetivo de carimbar uma trilogia extraordinária nas seleções jovens portuguesas.

É certo que nem todos os jogadores convocados por Rui Jorge para o Europeu da Hungria e da Eslovénia estiveram na conquista do Azerbaijão ou na conquista da Finlândia. É certo que alguns até já têm internacionalizações AA, como é o caso de Trincão ou Gedson Fernandes. E até é certo que alguns nomes que pela idade estariam nos Sub-21 já subiram à Seleção Nacional, como Nuno Mendes, Pedro Neto ou João Félix. Ainda assim, em linhas gerais, era uma das melhores remessas de jogadores da história do futebol português que esta quinta-feira entrava em campo contra a Croácia para começar um caminho rumo a algo inédito: conquistar o Europeu Sub-21, algo que Portugal nunca conseguiu.

Na antecâmara da partida, o selecionador Rui Jorge falou disso mesmo e garantiu que esta geração “poderá ter jogadores que, se continuarem a evoluir, poderão ter o seu espaço também na seleção principal”. “Acho que todos os momentos que eles consigam ter de bom nível os ajuda a crescer e a fase final de Sub-21 costuma ser um desses espaços, mas tem um impacto diferente para cada um dos jogadores, atendendo às realidades em que estão. Resta-nos tentar, dentro desta parte mínima que é a nossa, ajudar o melhor que conseguirmos”, atirou o treinador, que chamou João Mário e Gonçalo Ramos para render os lesionados Jota e Rafael Leão. Rui Jorge, que está há uma década ao comando dos Sub-21, lembrou que esta é a equipa que conquistou dois Europeus mas é também a equipa que não passou da fase de grupos do Mundial Sub-20.

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“Os jogadores devem sentir-se mesmo muito orgulhosos daquilo que conseguiram mas não podem parar e nunca olhar para trás, olhar sempre para o presente e para a frente. Só isso os levará a ter um futuro melhor”, acrescentou, realizando depois uma antevisão simples a uma equipa da Croácia que considera ser “muito semelhante à portuguesa”. “É uma equipa muito semelhante à nossa em termos de características, com jogadores bastante evoluídos tecnicamente. Para mim, o Luka Ivanusec será o melhor jogador em desequilíbrio com bola, mas têm vários atletas que nos chamam a atenção quanto à qualidade de execução”, atirou Rui Jorge.

Rui Jorge revela convocatória dos Sub-21 para o Europeu e confirma que Nuno Mendes vai ser chamado à Seleção A

Assim, Portugal entrava em campo em Koper, na Eslovénia, já depois de Inglaterra, horas antes, ter perdido com a Suíça no primeiro jogo do grupo D. Diogo Costa era naturalmente o guarda-redes titular, com Diogo Leite e Diogo Queirós no eixo defensivo e Thierry Correia e Diogo Dalot a ocuparem as laterais da defesa. O meio-campo estava entregue a Vitinha, Florentino e Gedson, com Pote e Trincão a atuarem no apoio direto a Tiago Tomás — que esta quinta-feira realizava a estreia pelos Sub-21 e logo a titular. No banco, ficavam Daniel Bragança, Fábio Vieira, Francisco Conceição e Gonçalo Ramos. Do outro lado, o destaque ia obviamente para Majer e Ivanusec, dois jogadores que são titulares absolutos do Dínamo Zagreb que há uma semana eliminou o Tottenham de José Mourinho da Liga Europa.

O jogo começou com pouca baliza e pouca presença junto às áreas, sendo muito disputado na zona do meio-campo. A primeira oportunidade pertenceu à Croácia, com um remate de fora de área de Majer que Diogo Costa defendeu (17′), mas a partir daí Portugal assumiu a dianteira da partida. No mesmo minuto, a equipa de Rui Jorge teve duas enormes ocasiões para marcar, com um remate de Tiago Tomás que foi desviado por cima da trave (25′) e um cabeceamento ao poste de Diogo Queirós (25′). Até ao intervalo, Pote ainda obrigou Semper a uma grande defesa com um pontapé de fora de área (34′) mas Portugal não conseguiu abrir o marcador. A primeira parte terminou sem golos, apesar do claro ascendente português, e o destaque estava a ser Trincão — o jogador do Barcelona era o grande líder do desequilíbrio da seleção, encostado à ala direita, e realizava movimentos de rotura do corredor para dentro que desbloqueavam por completo a defensiva croata.

Na segunda parte, a lógica não se alterou mas Portugal estava a demonstrar algumas dificuldades na hora de definir da melhor forma no último terço. A equipa chegava perto da baliza, normalmente graças à qualidade de Trincão e à mobilidade de Pote e Tiago Tomás, mas raramente conseguia finalizar. A Croácia tinha pouca bola e só ultrapassava a linha do meio-campo em situações de contra-ataque mas criava perigo sempre que acelerava a partida — até porque Thierry Correia, na direita da defesa, era claramente o elemento menos da equipa e falhava vários passes de risco.

Pouco depois da hora de jogo, Rui Jorge mexeu pela primeira vez e tirou Tiago Tomás, Trincão e Florentino para lançar Dany Mota, Francisco Conceição e Fábio Vieira, sendo que o segundo realizava a estreia absoluta pelos Sub-21. E os recém-entrados mexeram de imediato com a partida: Conceição agitou o ataque e Mota e Vieira construíram em conjunto o lance do golo. O avançado do Monza recebeu de costas para a baliza e fez um passe em desmarcação para devolver ao médio do FC Porto, que rematou cruzado para abrir o marcador (68′).

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Vitinha, em claras dificuldades físicas, saiu para deixar entrar Daniel Bragança e Portugal geriu a valiosa vantagem no último quarto de hora da partida, com Gonçalo Ramos a ter também alguns minutos. A seleção Sub-21 venceu a Croácia no arranque do Europeu, assumiu a liderança do Grupo D em ex aequo com a Suíça e colocou-se em boa posição para seguir para lá da fase de grupos — principalmente depois da derrota de Inglaterra, que é o próximo adversário, já no domingo. Fábio Vieira, com um remate cruzado, começou da melhor maneira o início do último capítulo de uma trilogia desta geração de 1999. Uma geração que vai à procura do terceiro título continental em cinco anos.