Como se pode recuperar as aprendizagens perdidas durante a pandemia? É isso mesmo que vai investigar um grupo de trabalho multidisciplinar criado esta segunda-feira, formalmente, pelo Governo. O objetivo é que, no final da análise, sejam feitas recomendações ao Ministério da Educação sobre o melhor caminho a seguir para ajudar os estudantes a recuperar.

O anúncio foi feito por João Costa, secretário de Estado Adjunto e da Educação, durante a apresentação dos resultados do estudo “Diagnóstico nas Aprendizagens”, que mostra o impacto do primeiro confinamento nas aprendizagens dos estudantes. Os primeiros dados não são entusiasmantes: mais de metade dos alunos tiveram dificuldades durante o ensino à distância.

As recomendações feitas pelo grupo de trabalho não serão vinculativas e João Costa espera receber as primeiras diretrizes já durante o mês de abril. No entanto, isso não significa que, até lá, não possam começar a ser postas em práticas algumas soluções. O que o Governo pretende é fugir a soluções com base “em impressões e opiniões avulsas”.

Lembrando que há já dois anos letivos afetados pela pandemia, João Costa defendeu ser necessário “um olhar multidisciplinar” para definir a melhor forma de atuar. “Não posso fazer uma lista do que é preciso na área de Português, ignorando as outras dimensões comprometidas que podem afetar o sucesso escolar dos alunos”, defendeu.

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Alunos do 3.º ano tiveram menos problemas

O estudo “Diagnóstico nas Aprendizagens”, realizado pelo IAVE — Estudo do Instituto de Avaliação Educativa, analisou o impacto da pandemia nas aprendizagens de alunos do 3.º, 6.º e 9.º ano e foi realizado em janeiro de 2021, ou seja, não tem em conta o impacto do segundo confinamento.

“Há dificuldades que andam na ordem dos 50%, por vezes, logo no nível 1 de complexidade, que não podem ser ignorados”, sublinhou João Costa.

O estudo mostrou ainda que as crianças do 3.º ano têm maior facilidade de aprendizagem no ensino à distância do que os colegas do 6.º e do 9.º ano, em qualquer uma das áreas analisadas.