Pior era mesmo impossível: depois da eliminação na Liga dos Campeões frente ao FC Porto e da vitória por 3-1 com o Cagliari escrita por um hat-trick de Ronaldo, a Juventus voltou a falhar em casa, sofrendo um inesperado desaire com o Benevento que deixou a equipa a dez pontos do líder Inter com apenas 11 jornadas por disputar. Seguiu-se a paragem para os compromissos das seleções (em muitos casos com menos de 72 horas de descanso), que poderia esvaziar a autêntica panela de pressão em que os bianconeri se tinham colocado mas nem por isso o quotidiano da equipa ficou mais calmo, com episódios que levaram até ao afastamento de jogadores do dérbi com o Torino.

“Vou já abordar esse assunto para depois podermos falar do jogo. Os três jogadores envolvidos nesse episódio não serão convocados, depois logo se vê quando voltarão ao trabalho. Não quero falar mais sobre isso, já se falou o suficiente. Estas coisas sempre aconteceram mas com o que está a acontecer no mundo não é a altura certa, até por respeito a quem cumpre as regras e porque faltavam dois dias para o jogo. Temos de dar o exemplo”, atirou Andrea Pirlo, comentando a festa organizada por McKennie em casa que contou com Arthur e Dybala e motivou a chamada da polícia pelo barulho – sendo que além da multa o trio incorre ainda numa possível acusação de resistência às autoridades, depois de terem demorado mais de uma hora os oficiais a entrarem na habitação.

Mais um revés para a Juventus, que desmentiu publicamente as notícias que davam conta de gritos e insultos no balneário da equipa depois da derrota com o Benevento mas não fez comentários sobre uma conversa entre Andrea Agnelli e Pirlo, com o presidente do clube a pedir explicações sobre um desaire que deixou a equipa praticamente afastada da luta pelo título numa altura em que a continuidade do treinador, que era dada como certa, não estará assim tão segura. Também por isso, o papel de Ronaldo, que não teve também o melhor arranque de qualificação para o Mundial apesar do golo apontado ao Luxemburgo, ganhava outro peso perante tantas ausências que abriram até espaço para a segunda chamada do outro português, Félix Correia, à equipa principal.

“Ronaldo está bem, está sereno. Ele zangou-se com razão porque em competições tão importantes como as eliminatórias para Mundiais o VAR e o  juiz de linha devem estar presentes. Pressão? Penso jogo a jogo e em fazer bem o meu trabalho. É normal que se diga ‘perdes dez jogos, vais embora para casa’ mas o meu objetivo é continuar bem. Há unidade na equipa, sempre existiu. Às vezes correm bem, outras mal, mas sempre com um objetivo em mente e todos a remar para o mesmo lado. Assim continuaremos até o final da temporada”, destacou Pirlo, numa semana que voltou a ter elogios ao português, desta vez pelo companheiro de equipa Juan Cuadrado. “É um exemplo, aprendo muito com ele pela intensidade que mete em cada treino. É dos melhores do mundo. Nem queria acreditar quando ele chegou, nem me importei de lhe dar o número 7”, revelou o internacional colombiano sobre o capitão da Seleção Nacional que, de acordo com um estudo apresentado esta semana pela consultora KPMG, teve um impacto positivo desde a chegada em 2018 de 145% nas receitas comerciais da Vecchia Signora.

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Mais uma vez, não foi pelo português que a Juventus não ganhou. Aliás, o português até teve o mérito de, após várias tentativas ao lado, por cima ou com defesas de Sirigu, acreditar numa bola a pingar na área após remate de Chiellini numa bola parada para fazer o empate frente ao Torino a pouco mais de dez minutos do final, reforçando a sua liderança na lista dos melhores marcadores da Serie A com 24 golos em 25 jogos. No entanto, foi curto. E num dia em que se comemora o terceiro aniversário da obra de arte do português em Turim pelo Real Madrid, num pontapé de bicicleta fabuloso que correu mundo, os bianconeri voltaram a mostrar que não têm motor para peças que noutras condições deveriam fazer a diferença mas que neste contexto conseguem apenas minimizar estragos. Sendo certo que faltam ainda várias jornadas, a revalidação do título é cada vez mais uma miragem.

Com Pirlo a apostar em mais um meio-campo diferente de início, desta vez com Danilo em dupla com Betencur ficando Ramsey e Rabiot no banco, a Juventus até começou melhor com Chiesa a marcar antes do primeiro quarto de hora (13′) mas o domínio territorial e a maior posse de bola nunca tiveram resultados práticos, com Sanabria a fazer o empate numa recarga na pequena área (27′) antes de conseguir a reviravolta logo no arranque da segunda parte. Com margem de erro nula, e mesmo com uma exibição que deixou a desejar, a formação de Pirlo conseguiu no final uma pressão com maiores efeitos práticos, chegou ao empate por Ronaldo (79′), enviou logo de seguida uma bola ao poste por Betancur (83′) mas até foi o Torino a ter as últimas oportunidades nos últimos minutos, sem que o empate no dérbi de Turim voltasse a ser desfeito por nenhuma das equipas.

Em atualização