Saiu do 12.º lugar, chegou à primeira curva na terceira posição. Por mais que os olhos dos adeptos portugueses de MotoGP possam estar mais centrados em Miguel Oliveira do que nos restantes pilotos, só mesmo com repetições foi possível perceber a saída fantástica do número 88 da última posição da quarta linha da grelha, ultrapassando tudo e todos pela direita à exceção das duas Ducati de Jorge Martín e Johann Zarco. Apesar de estarmos apenas na segunda prova da temporada de 2021, esta ficará de forma garantida como uma das partidas do ano.

Um arranque canhão de sonho, um regresso à realidade de pesadelo: Miguel Oliveira termina Grande Prémio de Doha no 15.º lugar

Depois, o piloto de Almada foi caindo. Até à sétima/oitava posição num movimento “normal”, tendo em conta que teria de aquecer o pneu duro que levava na dianteira e que demoraria mais a pegar do que os outros. Até ao décimo lugar como ponto de viragem, por estarem já decorridas oito voltas do Grande Prémio de Doha. No entanto, esse regresso à discussão de um melhor posto no top 10 acabou por nunca acontecer, terminando em 15.º ainda que apenas a oito segundos do vencedor da corrida em Losail, Fabio Quartararo da Yamaha. Parecia que algo tinha falhado na corrida, até pelo oitavo lugar de Brad Binder, e essa ideia acabou mesmo por confirmar-se.

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“O mostrador ficou negro, deixou de ter informações como mapas de motor, temperatura dos pneus ou momento de trocar de velocidades, e foi foi difícil fazer a corrida apenas com sensações… Foi um problema tirar o máximo partido da mota. Descobri que estava num mapa de poupança de combustível, que tornava a mota mais lenta, e tornou-se muito difícil de seguir o Brad [Binder] ou alguém. Não sabia que estava com esse mapa. Os limitadores da mota são eletrónicos, não é como nas outras motas em que sentimos fisicamente os limites. Numa pista como esta é super importante ter as luzes de mudança de velocidade. Quando se atinge o limite das rotações, não sabemos. Se trocarmos dois décimos de segundo mais tarde, a mota esteve no limite esse tempo e isso acaba por fazer perder velocidade”, referiu na conferência de imprensa, antes de explicar também a saída canhão.

“Foi um arranque semelhante ao que temos praticado. Dos 0 aos 200 [km/h] foi num tempo semelhante ao que faço nos treinos. A minha reação às luzes foi boa. Mantive-me focado porque o Brad [Binder] mexeu-se antes de as luzes se apagarem, o que nestas ocasiões faz-nos saltar a partida, mas consegui manter a concentração e foi um bom arranque. Às vezes corre bem porque quando se põe a potência no chão, os outros pilotos mexem-se e não sabemos para onde ir. Foi a coisa mais positiva do dia”, destacou, prometendo a redenção já na próxima prova do Mundial, o Grande Prémio de Portugal no Autódromo do Algarve, a primeira de 12 corridas na Europa.

Querer remediar este resultado. Não começamos do zero, temos uma boa mota base. Os pneus serão mais macios do que no ano passado mas é algo que temos de ultrapassar e fazer o melhor que conseguirmos”, frisou, recordando a diferença na mistura da fabricante de pneus para 2021.

Apesar da 15.ª posição, bem atrás do sul-africano Brad Binder que aproveitou o oitavo lugar para subir ao 12.º posto do Mundial, Mike Leitner, diretor de competição da KTM, elogiou no site oficial da marca a prestação dos dois pilotos, admitindo também ele os problemas que o português sentiu e que condicionaram toda a corrida.

“Podemos estar satisfeitos com os dois pilotos a pontuarem. O Brad [Binder] rodou muito bem e ficou a apenas cinco segundos do vencedor. Já o Miguel teve um ligeiro problema técnico com o seu monitor, o que foi difícil aceitar pois podia ter tido uma grande corrida depois daquele arranque. Não vi muitos arranques como aquele no MotoGP e isso indica que ele tem potencial”, destacou o responsável da marca austríaca.