O secretário-geral do partido de esquerda espanhol Podemos, Pablo Iglesias, confirmou esta quinta-feira que não se pretende recandidatar ao cargo no próximo congresso para assegurar a “renovação” na liderança do partido.
“Não deveria apresentar-me [a votos] porque já me apresentei três vezes e creio que é lógico que, quando voltar a acontecer um congresso, haja uma renovação“, disse Pablo Iglesias numa entrevista à TVE citada pelo El País.
“Temos, além do mais, um sistema que determina que os cargos têm de ir renovando e creio que quando me tocar, porque fizemos o último congresso há um ano, terá de se trabalhar numa renovação das equipas”, acrescentou Iglesias.
No mês passado, Pablo Iglesiais anunciou que abdicaria do cargo de vice-primeiro-ministro de Espanha para se dedicar em exclusivo à candidatura à câmara municipal da capital, Madrid. Na altura, Iglesias explicou que pretende conquistar o lugar atualmente detido pelo PP (de direita) e contribuir para travar o avanço do Vox (de extrema-direita).
Iglesias era vice-primeiro-ministro de Espanha desde janeiro de 2020, num governo de coligação liderado pelo socialista Pedro Sánchez (do PSOE).
Pablo Iglesias abdica de lugar como vice de Sánchez para concorrer a Madrid
O político, natural de Madrid, é secretário-geral do Podemos desde 2014 e assim deverá manter-se até ao próximo congresso, que ainda não tem data marcada. Segundo o El País, os estatutos do partido indicam que o congresso possa acontecer até junho de 2024, mas crê-se que ocorra mais cedo.
“A comodidade dos cargos não é o fundamental, mas sim cada um cumprir o papel que lhe toca”, explicou Iglesias.
“O que me toca a mim é ganhar as eleições à direita e à extrema-direita em Madrid, continuar como secretário-geral do Podemos durante algum tempo e, quando chegar o momento de dar o lugar a outras companheiras e companheiros, é isso que faremos”, continuou o político espanhol.
Para o futuro, Iglesias aposta numa “equipa de companheiras” que têm sido formadas nas fileiras do partido. “Creio que vamos rumo a um estilo muito distinto do passado”, acrescentou o líder do Podemos, apostando em “formas de liderança mais coletivas” que vão “reforçar” o partido.
Durante o mês seguinte à saída do governo, Iglesias vai receber a subvenção de 5.300 euros a que têm direito os ex-membros do governo durante dois anos após saírem de funções executivas, desde que não tenham outros rendimentos.
Questionado sobre se isso constituía alguma polémica dentro do seu partido, Iglesias rejeitou qualquer controvérsia. “É um direito que me cabe durante o tempo que não seja deputado, como muitos outros ex-ministros e ex-vice-presidentes”, disse Iglesias, sublinhando que não deverá recebê-la durante mais do que um mês.
Iglesias lamentou também que estas controvérsias só sejam levantadas quando se fala do Podemos. “Há alguns”, diz o político, que pensam que os membros do Podemos “não teriam direito ao mesmo que os outros que estiveram em posições de governo e isso não pode ser“.