Pablo Iglesias vai candidatar-se à presidência da Comunidade de Madrid, cargo atualmente ocupado por Isabel Díaz Ayuso, do PP. Segundo o La Vanguardia, o vice-presidente do governo de coligação anunciou já a decisão apesar de só surtir efeito a partir do início da campanha eleitoral, a 20 de abril. Iglesias será, assim , o cabeça de lista do Unidos Podemos que a 4 de maio, dia do sufrágio, espera conquistar a capital espanhola.

A saída de Iglesias do Executivo foi uma decisão tomada na passada quinta-feira e foi, também, cuidadosamente planeada pela cúpula do Podemos, isto já nas últimas 72 horas. É uma decisão política de alto risco que para lá do óbvio impacto direto na comunidade de Madrid pode vir a transformar o futuro do Executivo que governa o país e que tem Pedro Sanchéz como timoneiro.

O ainda vice-presidente e secretário-geral do Podemos explicou nesta segunda-feira, num vídeo dirigido aos militantes do Podemos, que muito estará em jogo nas eleições de Madrid e que o seu desfecho pode enviar um sinal sobre o futuro político do país. “Na política é preciso ter coragem de travar as batalhas que é preciso travar”, diz Iglesias, que garante que “o bipartidarismo não vai voltar, mas a democracia está ameaçada por uma nova direita trumpista, bem localizada no fundo do estado e impulsionada por enormes poderes económicos e mediáticos”.

O presidente Pedro Sánchez foi informado da decisão de Iglesias, que propôs que Yolanda Díaz (atual ministra do Trabalho e grande esperança da esquerda espanhola) como sua substituta. Para assumir o Ministério dos Direitos Sociais e da Agenda 2030, posição também ocupada por Iglesias, o líder do Podemos sugeriu Ione Belarra, atual Secretária de Estado da Agenda 2030.

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A reação perante o crescimento do Vox é um dos maiores motivadores de Iglesias na corrida a Madrid, segundo o próprio. O esquerdista chegou mesmo a dizer: “devemos prevenir esses criminosos, esses criminosos que reivindicam a ditadura, que se desculpam pelo terrorismo de Estado, que promovem a violência contra os migrantes, contra os homossexuais e contra as feministas […] e que podem ter todo o poder em Madrid, com tudo o que isso implica para o resto do país”.

Esta é a segunda vez que Iglesias renuncia a um cargo no Conselho de Ministros, isto depois de em julho de 2019, durante as negociações com o PSOE para a formação de um governo de coligação, ter aceite o veto que o Presidente Pedro Sánchez lhe tinha lançado. Em seguida, foi descartado como membro do Executivo para facilitar um acordo, o que apesar de tudo não foi possível e motivou a repetição do ato eleitoral.

Pablo Iglesias e Isabel Díaz Ayuso nasceram no mesmo dia do mesmo ano – 17 de outubro de 1978 – e também na mesma cidade: Madrid.