Investigadores do Centro Hospitalar Universitário do Porto integram uma rede, juntamente com investigadores espanhóis, colombianos, argentinos e peruanos, que visa melhorar as perspetivas e promover a educação e formação contínua do cancro do pulmão, foi esta sexta-feira anunciado.

Em comunicado, o Centro Hospitalar Universitário do Porto — entidade nacional que integra a rede — explica que o intuito é unir “sinergias para melhorar as perspetivas do tumor com maior mortalidade do mundo”.

O cancro de pulmão é uma das principais causas de morte “silenciosas” do mundo, originando quase “três mortes por minuto, terminando 4.000 vidas por dia e 1,59 milhões de vidas a cada ano”.

Em Espanha e Portugal, o cancro do pulmão afeta mais de 30.000 pessoas anualmente e na América Latina é a causa de pelo menos 60.000 mortes anuais, representando 12% das mortes por cancro nessa região.

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Em 2020, foram diagnosticados 5.420 novos casos de cancro de pulmão em Portugal e perto de 4.800 pessoas morreram vítima da doença. Em Espanha, o cancro de pulmão foi a quarta causa de morte no ano passado, sendo que, anualmente cerca de 23.000 pessoas morrem vítimas da doença.

No entanto, e apesar de ser a doença neoplásica mais mortal, recebe menos atenção do que outros cancros”, salienta aquela unidade hospitalar.

Como tal, os investigadores portugueses, espanhóis, colombianos, argentinos e peruanos criaram a Rede Ibero-americana de Cancro de Pulmão (REDICAP), que tem como um dos principais objetivos “promover a educação e a formação contínua” deste tipo de tumor.

É necessário melhorar a deteção, o tratamento e a prevenção da patologia e, por isso, os especialistas esperam que a aliança REDICAP também desenvolva o seu trabalho como órgão consultivo em termos de linhas estratégicas de atuação”, acrescenta.

Para os especialistas da rede, os principais desafios associados a esta patologia são “melhorar a informação sobre o impacto do consumo de tabaco, sendo que o aumento da mortalidade de mulheres com este cancro é uma preocupação especial”.

O diagnóstico precoce da doença e o acesso dos pacientes a tratamentos inovadores são, para os especialistas, “pontas de lança para aumentar a sobrevivência”.

Citado no comunicado, António Araújo, diretor do serviço de oncologia médica do Centro Hospitalar e representante português da rede, afirma que a criação desta rede de estudo no cancro do pulmão “é de extrema importância”.

“Os problemas que enfrentamos a este nível, pela similaridade dos povos, da língua e do comportamento são muito sobreponíveis e requerem ações semelhantes. Esta rede vai permitir-nos ganhar consistência nas nossas posições, desenvolver ações com maior impacto a nível dos médicos e das populações, homogeneizar o estudo, o ensino e o tratamento do cancro do pulmão e sermos mais audíveis pelos decisores políticos, no que toca a políticas que envolvam o tabaco e este cancro”, salienta o médico.

A REDICAP é presidida pelo Grupo Espanhol de Cancro de Pulmão (GECP), nomeadamente por Mariano Provencio, diretor do Serviço de Oncologia do Hospital Universitário Puerta de Hierro de Madrid. A rede conta ainda com Cláudio Martin, chefe da Oncologia Torácica do Instituto Alexander Fleming de Buenos Aires e de Carlos Carracedo, diretor médico da Clínica Aliada de Lima.