As indústrias do mar pretendem investir 5.000 milhões de euros em Portugal até 2030, apelando a um total de 2.500 milhões de euros da Europa para cumprir este objetivo, segundo o Conselho Estratégico para Economia do Mar da CIP.
De acordo com este órgão da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, “as indústrias do mar querem investir em Portugal 5.000 milhões até 2030 – em setores que vão dos portos e da construção naval à pesca e à transformação do pescado, da biotecnologia azul ao turismo e à economia do ambiente -, necessitando de 2,5 mil milhões de euros da Europa para relançar o setor”, lê-se num comunicado.
Citado na mesma nota, Manuel Tarré, presidente do órgão, disse que “os 252 milhões de euros de verbas europeias anunciados pelo senhor primeiro-ministro no novo capítulo que será incluído no Plano de Recuperação e Resiliência – PRR são um primeiro passo nesta estratégia a dez anos”.
De acordo com o responsável, estes investimentos irão servir para Portugal “tornar os seus portos, as suas frotas comercial e pesqueira, as suas comunicações digitais submarinas, a sua indústria alimentar e o seu turismo competitivos à escala global”, acrescentando que, “para tal, é necessário que o Governo atribua ao setor 2,5 mil milhões de euros dos 61,2 mil milhões de subvenções europeias que o país irá receber até 2030”.
No comunicado, a CIP diz que, de acordo com dados divulgados pelo primeiro-ministro, António Costa, ao Conselho Económico e Social em 23 de fevereiro, “ainda estão por executar 11,2 mil milhões de euros do PT 2020 – quase metade dos 23 mil milhões disponíveis desde 2015”, recordando que a esse montante acrescem 33,6 mil milhões de euros do próximo quadro financeiro plurianual europeu 2021-2027 e 13,9 mil milhões de euros da “bazuca” europeia.
Sendo a fileira do mar uma das mais exportadoras do país, movimentando 6 mil milhões de euros por ano correspondentes a 3% do PIB [Produto Interno Bruto], 2,5 mil milhões em dez anos – 4% do total de verbas que a União Europeia irá colocar ao dispor de Portugal – são uma alavanca indispensável para promover o desenvolvimento do país e a mudança do seu modelo económico”, diz Manuel Tarré.
O presidente do Conselho Estratégico para Economia do Mar da CIP indica que “este montante será aplicado na renovação dos portos, na biotecnologia azul, na indústria transformadora, na qualificação das embarcações da marinha de comércio portuguesa e, também, da frota pesqueira”, acrescentando que “a descarbonização dos combustíveis utilizados nos navios e a digitalização do seu funcionamento é fundamental para aumentar a sua competitividade no mercado mundial”.
A “renovação das frotas é fundamental para o salto que é necessário dar na qualidade do trabalho e do produto”, defende Manuel Tarré, garantindo que “esse processo também exigirá mão-de-obra muito qualificada” que será “mais bem paga e mais produtiva ao longo de toda a cadeia industrial”.
No mesmo comunicado, o organismo salienta que “a requalificação dos portos e a sua eletrificação são essenciais no plano de restruturação que importa implementar”, referindo que será também necessário “lançar um vasto programa de formação e de requalificação dos 190 mil profissionais das indústrias do mar”.
“O Governo deu um sinal que percebe que o setor do mar é central para a mudança do modelo de desenvolvimento do país”, remata Manuel Tarré, assegurando que o executivo “não pode, por isso, deixar os investidores e os empresários sozinhos no seu trabalho”.