O Dacia Spring tem um motor pouco potente mas é, de longe, o eléctrico mais barato do mercado, sendo proposto em Portugal por apenas 16.800€, valor que desce ainda mais caso se considerem as ajudas e os incentivos governamentais. À semelhança das outras novidades, também o Spring foi submetido ao teste do alce pelos espanhóis do KM77, que têm por hábito avaliar todos os novos modelos que lhes chegam às mãos, tentando antecipar os resultados dos testes oficiais.
O Spring não tem nada a seu favor para um desempenho brilhante em manobras de evasão deste tipo, pois é um SUV, o que significa que é mais alto (logo, menos estável) do que um carro normal, sendo ainda mais pesado (devido às baterias) e, por ser barato e visar o conforto, não está equipado com suspensões duras e desportivas. Ainda assim, os espanhóis realizaram a manobra do alce a 77 km/h, sem tocar nos cones. As suspensões macias dão a ideia que o Spring “dança” mais do que seria desejável, mas cumpriu a sua função e evitou o obstáculo.
Para se ter uma ideia de como o desempenho deste Dacia eléctrico é surpreendentemente bom, basta recordar que o modelo eléctrico mais caro do mercado (proposto por 193 mil euros), o Porsche Taycan Turbo S – a versão mais sofisticada e potente da gama, com suspensões pneumáticas e desportivas que regulam a altura ao solo – também foi submetido ao Teste do Alce. Mais baixo, mais largo e com pneus de melhor qualidade, de mais baixo perfil e igualmente mais largos, o Taycan Turbo S fixou em 78 km/h a velocidade máxima a que conseguiu realizar a manobra, apenas 1 km/h acima do Spring, o que é uma vitória… para o carro romeno.
Não bastava o Taycan Turbo S ter sido batido pelo Tesla Model 3, que realizou a manobra a 83 km/h, apesar de se tratar da versão Long Range, sem suspensões desportivas, o eléctrico da Porsche vê-se agora quase igualado pelo Dacia Spring, que custa menos de 10% do seu preço.
O teste do alce consiste numa manobra evasiva, destinada a avaliar a eficiência e a estabilidade de um veículo quando é obrigado a desviar-se de algo que surja à sua frente, para de seguida regressar à sua faixa de rodagem, de modo a evitar o trânsito em sentido contrário. Deve a sua denominação a um teste que começou por ser muito popular nos países nórdicos, onde os enormes alces têm o hábito de se atravessar à frente dos automobilistas, tendo durante anos sido uma das principais causas de morte nos acidentes rodoviários. Apesar de não haver alces no resto da Europa, este tipo de teste generalizou-se, uma vez que também equivale ao condutor desviar-se de uma criança que aparece a correr atrás de uma bola, um carro que sai repentinamente de marcha-atrás ou quando o veículo da frente trava de repente.