O antigo ministro e deputado, João Cravinho, que em 2006 criou um Plano Anticorrupção, afirmou segunda-feira à SIC que o seu pacote foi recusado pelo Governo de José Sócrates, cuja intenção era “evitar” que este tema fosse discutido. “Tudo foi liminarmente recusado pelo PS”, disse em entrevista ao Polígrafo SIC.
O ex-ministro de Guterres de António Guterres, que em 2014 já tinha dito numa entrevista que foi travado de “todas as maneiras e feitios”, considerou também o comportamento de José Sócrates “execrável”, não só por ser um primeiro-ministro, mas também por ser o líder do Partido Socialista, partido eleito pela maioria.
“A visão política dele era de não combate à corrupção”, afirmou. “Na altura achei uma tal enormidade”, disse, uma vez que achou que tal posição podia ter aberto uma “guerra de trincheiras”, mas que nada aconteceu. “O que mais os incomodava era que eu tivesse tomado qualquer iniciativa. O assunto era para evitar”, considerou.
Antigo ministro socialista, João Cravinho, acusa PS de “recusar sistema de combate à corrupção”
O ex-governante diz que a sua opinião ainda pode mudar com a prova produzida em julgamento no caso da Operação Marquês. Mas que agora a sua posição, baseada no que lê na comunicação social, é que Sócrates teve “comportamentos absolutamente inadmissíveis”.
Quanto ao facto do atual primeiro-ministro ainda não se ter manifestado sobre este processo, Cravinho remete a resposta para o discurso do Presidente Marcelo rebelo de Sousa, no 25 de abril, que disse que temos de olhar “o passado sem contemplações” como temos que olhar para o “presente sem flagelação”.