O antigo embaixador de Cabo Verde em Portugal, também primeiro presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Onésimo Silveira, faleceu nesta quinta-feira, aos 86 anos, vítima de doença prolongada, noticiou a imprensa cabo-verdiana.

Segundo o jornal Expresso das Ilhas, a notícia do falecimento de Onésimo Silveira foi comunicada durante a sessão da Assembleia Municipal de São Vicente, levando à suspensão dos trabalhos.

“Foi uma das grandes figuras são-vicentinas e cabo-verdianas”, recordou o presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Augusto Nestes, destacando ainda que foi um “grande político, grande escritor e grande democrata”.

Por sua vez, presidente da Assembleia Municipal de São Vicente, Dora Pires, definiu Onésimo Silveira como “um homem que sempre fez a luta em prol da liberdade e da democracia cabo-verdiana”.

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Onésimo Silveira nasceu em 1935, na ilha de São Vicente e doutorou-se em Ciências Políticas, pela Universidade de Uppsala (Suécia), em 1976, ano em que começou a trabalhar na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque. Em 1977, transitou para a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR) com o estatuto de diplomata. Ali permaneceu até dezembro de 1990, trabalhando em países como Somália, Angola e Moçambique.

Em 1992, tornou-se o primeiro presidente eleito da Câmara Municipal de São Vicente, cargo em que permaneceu até 2001. Em 2002, suspendeu o mandato de deputado à Assembleia Nacional e aceitou a nomeação para embaixador extraordinário e plenipotenciário de Cabo Verde em Portugal, Israel, Espanha e Marrocos.

A nível cultural, é considerado um dos mais proeminentes membros da elite literária cabo-verdiana, tendo muitos trabalhos publicados no campo da literatura (novela, poesia e romance) e do ensaio (política, sociologia e antropologia). Onésimo Silveira também traduziu vários livros, entre os quais “Obras Completas de Mao Tsé Tung”, em parceria com Gentil Viana, e colabora regularmente, com artigos de opinião, no jornal A Semana e em revistas de Cabo Verde, Portugal, França, Suécia e Noruega.

Fundou o Partido do Trabalho e Solidariedade (PTS), depois da rutura com o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (ex-PAIGC) e nos últimos anos tornou-se uma das vozes mais ativas pela regionalização do país.

Em 8 de dezembro de 2012 foi distinguido com o doutoramento Honoris Causa pela universidade do Mindelo pelo “imenso contributo para a democratização” do país e pelo seu papel na “internacionalização do municipalismo cabo-verdiano”.