Boavista, Krasnodar, Portimonense e Famalicão. Ao quarto jogo em que assumiu o papel de treinador principal do FC Porto, devido aos castigos de Sérgio Conceição, Vítor Bruno cumpriu a tradição: ganhou. O adjunto nunca conheceu outro resultado sempre que foi chamado a substituir Conceição e esta sexta-feira, contra o Famalicão, voltou a carimbar outra vitória depois das três que já trazia no currículo.

Fala-se muito de futebol mas fala-se pouco de bola. E Taremi é bola em estado puro (a crónica do FC Porto-Famalicão)

Na zona de entrevistas rápidas, Vítor Bruno não escondeu a simbiose com Sérgio Conceição, garantindo que o trabalho que é feito ao longo da semana acaba por amenizar a ausência do treinador no banco de suplentes, ainda que não a compense por inteiro. “A ligação é forte, conhecemo-nos muito bem, já trabalhamos juntos há mais de dez anos. A identificação é total mas preferia não ter de assumir este papel. A comunicação não é fácil, a falta do líder faz-se sentir. Os jogadores olham para o banco e não está lá a figura principal. Tentamos atenuar ao máximo, passamos a mensagem… Às vezes entra, outras vezes vem com delay, mas no global tudo o que estava planeado foi conseguido”, disse o adjunto, que deixou depois alguns recados, aparentemente, aos jogadores que entraram ao longo da segunda parte — Luis Díaz, Sérgio Oliveira, Marega e Fábio Vieira.

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“Quem entra em jogo tem de perceber que a arte de defender é tão bonita como a de atacar. Não podemos pensar em marcar um golo e depois sofrer. Pode ter sido por acaso, mas não é, aconteceu porque tinha de acontecer, nada acontece por acaso. Nós segurámos com tudo… Cantos, bolas a rondar a área, quando nada fazia prever. Quem entra tem de saber que a arte de defender é tão bonita como a de atacar”, afirmou Vítor Bruno, acrescentando que o nervosismo nos instantes finais, depois do segundo golo do Famalicão, é “natural” mas “não deve acontecer”.

O adjunto fez também uma análise ao jogo, no seu contexto global. “Na primeira parte entrámos bem e realmente foi o que aconteceu. Diante de uma equipa que tem vindo a subir de qualidade, que nesta fase se agarra a tudo o que pode, como é algo normal de quem luta por algo difícil. A nossa entrada é boa, mas com a saída do Corona desequilibrámos a nossa estrutura. Entrámos com uma configuração assimétrica e quando ele saiu tivemos de reconfigurar tudo. A equipa perdeu-se no campo e o adversário, no único remate que faz, empata. Na segunda parte voltámos ao que era a nossa estrutura habitual, o 4x4x2, e fazemos uma segunda parte forte. Nunca olhámos para o adversário com um sorriso, fomos sérios, honestos, humildes, nunca nos embriagámos… Fomos muito verticais, a tentar ferir o adversário, a ir à profundidade. Podíamos ter feito dois, três, quatro golos, e no final aconteceu o que aconteceu, diante de uma equipa que se agarra a tudo”, explicou, sublinhando depois o “ADN” da equipa, garantindo que que é formada por “vinte e tal Pepes”, em referência aos elogios que têm sido feitos ao central português.

Com este resultado, o FC Porto regressou aos resultados positivos depois do deslize em Moreira de Cónegos, manteve a distância para o Benfica e ficou provisoriamente a três pontos do Sporting, que só entra em campo este sábado contra o Nacional. Há quase quatro meses que os dragões não marcavam três ou mais golos em 90 minutos: a última vez, curiosamente, tinha sido na primeira volta e contra o Famalicão, quando golearam a equipa que na altura era ainda orientada por João Pedro Sousa. Com os 70 pontos alcançados esta sexta-feira, o FC Porto garantiu ainda a presença, pelo menos, na pré-eliminatória de acesso à Liga dos Campeões — sendo que pode apurar-se diretamente para a competição europeia se carimbar o segundo lugar ou se ainda chegar ao título.