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Fala-se muito de futebol mas fala-se pouco de bola. E Taremi é bola em estado puro (a crónica do FC Porto-Famalicão)

Este artigo tem mais de 2 anos

Depois de vários dias em que se falou muito de futebol mas pouco de bola, Taremi deu uma lição: marcou, assistiu e foi o melhor do regresso às vitórias do FC Porto, que venceu o Famalicão em casa.

FC Porto v FC Famalicao - Liga NOS
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O avançado iraniano ultrapassou Sérgio Oliveira e é agora o melhor marcador dos dragões

Getty Images

O avançado iraniano ultrapassou Sérgio Oliveira e é agora o melhor marcador dos dragões

Getty Images

Falou-se pouco de bola nos últimos dias. Falou-se muito de futebol — mas pouco de bola. Os acontecimentos já depois do apito final de Hugo Miguel em Moreira de Cónegos, que abriu a porta a uma série de episódios que têm cada vez mais a ver com futebol mas pouco a ver com bola, ilustraram praticamente todos os dias que se seguiram com novas notícias, novos vídeos, novas suspensões. Mas velhos insultos, velhas respostas e velhas novelas.

No final de um jogo que, de forma geral, não correu bem ao FC Porto, Sérgio Conceição acabou expulso, o agente Pedro Pinho terá agredido um repórter de imagem e o clube acabou por ser associado a uma série de imagens pouco ou nada bonitas que confirmaram algo que já se sabia — que esta temporada, no que toca à agressividade das palavras e das ações tidas a partir dos bancos de suplentes, está a ser particularmente grave. Em termos de futebol, tudo o que aconteceu em Moreira de Cónegos levou a investigações profundas sobre quem é Pedro Pinho e que ligações tem ao FC Porto, levou a uma entrevista dura de Pinto da Costa e levou a um inquérito da Procuradoria-Geral da República. Em termos de bola, tudo o que aconteceu em Moreira de Cónegos fez com que o FC Porto ficasse a seis pontos do Sporting, fez com que Sérgio Conceição fosse suspenso por 21 dias e fez com que a equipa sofresse um abalo forte numa fase capital da temporada.

Ficha de jogo

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FC Porto-Famalicão, 3-2

30.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Nuno Almeida (AF Algarve)

FC Porto: Marchesín, Corona (Zaidu, 19′), Mbemba, Diogo Leite, Manafá, Francisco Conceição (Luis Díaz, 45′), Uribe (Sérgio Oliveira, 82′), Grujic, Otávio (Fábio Vieira, 87′), Taremi (Marega, 82′), Toni Martínez

Suplentes não utilizados: Diogo Costa, João Mário, Evanilson, Sarr

Treinador: Vítor Bruno (Sérgio Conceição está castigado)

Famalicão: Luiz Júnior, Diogo Figueiras (Valenzuela, 72′), Riccieli, Diogo Queirós, Calvin (Anderson, 75′), Ugarte (Kraev, 63′), Gustavo Assunção, Pêpê, Iván Jaime (Heriberto, 63′), Gil Dias, Ivo Rodrigues

Suplentes não utilizados: Vaná, Campana, Neto, Edwin Herrera, Patrick William

Treinador: Ivo Vieira

Golos: Toni Martínez (8′), Ivo Rodrigues (44′), Taremi (gp, 61′), Grujic (75′), Anderson (90+1′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Grujic (31′), a Diogo Queirós (56′), a Diogo Figueiras (62′), a Gustavo Assunção (74′)

Em resumo, os 21 dias de suspensão do treinador dos dragões deixam-no afastado do banco de suplentes por quatro jogos, incluindo o Clássico da próxima quinta-feira contra o Benfica, e fazem com que só regresse para a última jornada, quando tudo poderá estar já decidido. Ora, o primeiro desses quatro jogos sem Sérgio Conceição a liderar a equipa no relvado era esta sexta-feira, no Dragão e contra o Famalicão — e a ausência de uma vitória, acompanhada por um resultado positivo do Sporting este sábado contra o Nacional, poderia significar o golpe final nas contas da Primeira Liga. Sem Conceição, e também sem conferência de imprensa de antevisão, era o adjunto Vítor Bruno a assumir o comando do FC Porto. O que, pelo menos no que às estatísticas diz respeito, não era propriamente uma má notícia para os dragões.

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Bruno, que é o braço direito do treinador há praticamente uma década, já foi chamado a assumir a posição de técnico principal do FC Porto em três ocasiões, devido a outros três castigos de Sérgio Conceição. E nunca conheceu outro resultado que não a vitória: ganhou ao Boavista, em abril de 2019, ganhou ao Krasnodar, em agosto desse ano e para a Liga dos Campeões, e ganhou ao Portimonense, no passado mês de março. Se é certo que este será um desafio diferente, porque Sérgio Conceição nunca esteve afastado do banco por mais do que um jogo desde que chegou ao FC Porto, também é praticamente garantido que ter Vítor Bruno na linha técnica é o mais aproximado que existe a ter o treinador principal.

Assim, o FC Porto recebia esta sexta-feira um Famalicão em franca melhoria desde que Ivo Vieira assumiu o comando da equipa. Sem Pepe, que viu o quinto amarelo contra o Moreirense e estava castigado, os dragões apresentavam-se com várias mexidas no onze inicial — provavelmente já a pensar também na deslocação à Luz, um jogo naturalmente importante para as contas do título e também para a garantia do segundo lugar. Diogo Leite, de forma natural, rendia Pepe no eixo defensivo e Grujic, Francisco Conceição (que se estreava a titular) e Toni Martínez substituíam Nanu, Sérgio Oliveira e Marega. Com este desenho, Corona recuava no terreno e ocupava o lado direito da defesa e Mbemba, que chegou a estar em dúvida durante a semana, mantinha a titularidade ao lado de Leite. Do outro lado, a grande ausência era Rúben Vinagre, que estava lesionado e cedia o lugar a Calvin.

Numa primeira parte em que os únicos pontos de destaque são precisamente os dois golos que existiram, a única coisa que falhou na estratégia do Famalicão foi exatamente a bola que entrou na baliza de Luiz Júnior. O FC Porto iniciou o jogo com mais posse de bola, de forma natural, e tentava sair do próprio meio-campo de forma muito apoiada: Grujic baixava e formava uma espécie de linha de três centrais com Mbemba e Diogo Leite, deixando Corona e Manafá com liberdade para subir muito nos corredores. Uribe ficava na zona central, sendo que Francisco Conceição se aproximava do lado direito e Otávio, embora descaísse na esquerda, era uma espécie de vagabundo nas costas de Taremi e Toni Martínez.

Os dragões acabaram por inaugurar o marcador na primeira oportunidade e no primeiro remate que criaram. Corona desequilibrou num espaço mais interior e tirou um passe perfeito para a grande área, onde Taremi se desmarcou; o avançado iraniano arrastou dois defesas e amorteceu de cabeça para Toni Martínez, que estava totalmente sozinho e atirou de primeira para bater o guarda-redes do Famalicão (8′). A equipa de Ivo Vieira respondeu com um cabeceamento de Diogo Queirós que Marchesín encaixou (12′), com Manafá a não conseguir dar seguimento a uma boa arrancada na esquerda pouco depois (14′), mas o primeiro tempo acabou por ficar marcado também pela lesão de Corona. O mexicano, que chegou a estar em dúvida ao longo da semana, pediu a substituição depois de sentir dificuldades físicas e saiu para deixar entrar Zaidu — que foi para o lado esquerdo da defesa, motivando a ida de Manafá para a direita.

Daí e até ao golo do Famalicão, o jogo não voltou a ter qualquer oportunidade, qualquer jogada mais perigosa ou qualquer destaque. A estratégia da equipa de Ivo Vieira, que tinha Iván Jaime como um falso ‘9’ que recuava muitas vezes para encostar ao meio-campo, procurava adormecer o FC Porto e ir conquistando metros através de uma pressão que não era muito alta mas era essencialmente eficaz e prejudicial à saída de bola dos dragões. Do outro lado, Taremi ia sendo o destaque do conjunto de Sérgio Conceição, não só pela assistência no lance do golo mas também pela enorme disponibilidade que demonstrava, ao recuar várias vezes em missão defensiva e alcançar diversas recuperações de bola no meio-campo do FC Porto.

Antes do intervalo, porém, o Famalicão acabou por conseguir chegar ao empate. Diogo Leite fez falta sobre Iván Jaime mesmo à entrada da grande área, em posição frontal para a baliza, e Ivo Rodrigues, na conversão do livre direto, conseguiu passar a bola por cima da barreira e bater Marchesín, que ficou pregado ao relvado (44′). O FC Porto abriu o marcador logo nos primeiros minutos mas decidiu gerir a partida ao invés de aumentar essa vantagem — acabando por abrir a porta a uma maior confiança da equipa de Ivo Vieira, que subiu no terreno no último quarto de hora da primeira parte e consumou essa melhoria.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do FC Porto-Famalicão:]

No arranque da segunda parte, Francisco Conceição saiu e deu lugar a Luis Díaz: o jovem português teve pouca bola até ao intervalo, até porque o jogo dos dragões fluiu sempre mais pela esquerda do que pela direita, e acabou por ser o sacrificado para o FC Porto contar com os desequilíbrios que Luis Díaz garante. A partida melhorou bastante no segundo tempo, não tanto através de ocasiões de golo, que continuaram a escassear, mas principalmente por intermédio da maior velocidade e intensidade que as duas equipas imprimiram em campo — por iniciativa do FC Porto, de forma natural, mas com o Famalicão a corresponder, não permitindo minutos prolongados de posse de bola aos dragões e procurando sempre lançar o contra-ataque.

Uribe teve uma boa oportunidade para marcar, ao atirar ao lado depois de um passe atrasado de Taremi (54′), e Toni Martínez cabeceou por cima na sequência de um canto (58′), com o FC Porto a conseguir chegar com mais frequência às finalizações do que aquilo que tinha acontecido até ao intervalo. O golo, porém, acabou por aparecer de grande penalidade: Diogo Queirós fez falta sobre Taremi e o avançado iraniano, na conversão, não falhou (61′), chegando aos 13 golos nesta temporada e superando Sérgio Oliveira como melhor marcador da equipa. Ivo Vieira respondeu à desvantagem com uma dupla substituição, tirando Iván Jaime e Ugarte para lançar Heriberto e Kraev, e persistia a ideia de que o resultado ainda não estava fechado, até porque o treinador do Famalicão colocou Valenzuela no lugar de Diogo Figueiras pouco depois.

O FC Porto, porém, acabou por conseguir arrumar a partida. Na sequência de um livre batido por Otávio a descair na direita, Grujic apareceu ao segundo poste a saltar mais alto do que todos os outros e cabeceou para dentro da baliza (75′). O médio sérvio, que sofreu a falta que deu origem ao livre, estreou-se a marcar pelos dragões. Os dragões só voltaram a mexer já dentro dos últimos minutos, com as entradas de Sérgio Oliveira, Marega e Fábio Vieira para os lugares de Uribe, Taremi e Otávio, e acabaram por voltar a sofrer um golo já no período de descontos. Num lance de insistência pela direita, Kraev tentou um primeiro remate que parou em Mbemba e Anderson, na recarga, reduziu a desvantagem (90+1′). O FC Porto acabou por sofrer nos instantes finais, em que o Famalicão teve três cantos consecutivos, mas conseguiu carimbar a vitória.

A equipa de Sérgio Conceição regressa às vitórias depois de uma semana muito agitada, mantém a distância de quatro pontos em relação ao Benfica e fica provisoriamente a três do Sporting, que só entra em campo este sábado contra o Nacional. Para isso, muito pode agradecer a Taremi, que marcou um golo, fez uma assistência e foi novamente o jogador mais solidário e competitivo do FC Porto, com um enorme equilíbrio entre a defesa e o ataque. Depois de muito dias em que se falou muito de futebol mas pouco de bola, Taremi mostrou que é bola em estado puro.

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