O presidente do CDS-PP/Açores, Artur Lima, que se recandidata ao cargo, acusou este sábado a ex-líder nacional do partido Assunção Cristas de ter tentado destruir a sua liderança, cortando o financiamento para os Açores.
“A destruição deste partido veio de Lisboa e há testemunhos oculares, há testemunhas que ouviram isso. Não começou em 2019, quando o Luís Silveira quis ser candidato [a líder do CDS/Açores], começou em 2016 com a liderança da dr.ª Assunção Cristas e de quem a apoiou e eu não fui um deles”, afirmou, no congresso regional do CDS-PP/Açores, em Angra do Heroísmo.
Artur Lima acusou Cristas de ter cortado o financiamento da estrutura regional do partido, deixando de transferir “os parcos 1.500 euros” que eram atribuídos para o pagamento das sedes regionais, e garantiu que nunca meteu “um tostão do partido ao bolso”.
O líder regional denunciou ainda aquilo que classificou como “campanha bairrista” para o afastar da liderança, alegando que em 2016 “quase metade do investimento” feito na campanha eleitoral para as legislativas regionais foi para a ilha de São Miguel, quando ele concorria pelo círculo eleitoral da Terceira.
“Não era para subir os votos na ilha São Miguel, era para destruir o partido nos Açores e destronar o Artur Lima. Isto tem de ser dito com esta crueza a todas as senhoras e senhores congressistas. Permitam-me desta vez dizer o que sinto e o que me vai na alma, porque isto é a pura da verdade. Ninguém me contesta isto”, revelou.
Depois da aprovação por unanimidade da sua moção de estratégia global, antecedida de um período de debate com poucas críticas à sua liderança, Artur Lima voltou a intervir no congresso, num discurso de 40 minutos, por vezes emocionado, em que fez um balanço de 14 anos de liderança do CDS-PP/Açores.
O também vice-presidente do Governo Regional dos Açores, desde novembro de 2020, acabou por ser o único candidato a presidir o CDS no arquipélago, depois de em 2019 vários militantes terem manifestado oposição à sua liderança, com Graça Silveira a passar a deputada independente e Luís Silveira, único presidente de câmara centrista nos Açores (Velas, ilha de São Jorge), a anunciar uma candidatura à liderança da estrutura regional do partido.
Artur Lima acusou ainda Assunção Cristas de ter conduzido o partido a uma dívida, na sequência de uma campanha “megalómana” nas autárquicas de Lisboa, alegando que o CDS “não tinha cinco euros” para emprestar à estrutura regional nas legislativas regionais de 2020.
“Fizemos uma campanha sem dinheiro. Com 30 mil euros que tínhamos de poupanças”, avançou, acrescentando que a campanha foi “muito difícil”, com muitas “críticas internas” e poucos militantes ao seu lado.
O líder regional centrista reconheceu que o CDS perdeu um deputado e “cerca de 900 votos”, mas pediu uma análise séria aos resultados, lembrando que foram as primeiras com candidaturas do Iniciativa Liberal e do Chega em eleições regionais.
Artur Lima admitiu que cometeu erros na liderança, mas disse ter-se sentido “magoado”, alegando que nunca traiu nem foi desleal com ninguém.
“Não contava estar mais aqui hoje, porque tinha prometido à minha família que não estaria aqui, e só estou aqui, mais uma vez, por dever de consciência, por dever de serviço aos outros e por um dever de fazer melhor para a minha terra. Se o CDS não estivesse no Governo, eu não estaria aqui hoje, porque nada me motivava para estar aqui hoje”, frisou.
Ressalvando que não sabe se chegará aos 18 anos de liderança da estrutura regional do partido (o CDS/Açores tem eleições de quatro em quatro anos), garantiu contar com o contributo de todos os militantes “sem vaidades pessoais”.
“Não pode haver paz podre, temos de ser consequentes com as nossas atitudes. Eu não vou fazer guerra a ninguém, não vou correr com ninguém. Nunca quis correr com ninguém. Eu quero que me ajudem todos, quero que ajudem o CDS, quero que ajudem os Açores, por isso, conto com todos”, salientou.
A intervenção terminou com uma ovação de pé dos congressistas ao ex-líder do CDS-PP Paulo Portas, a pedido de Artur Lima.