Durante 45 minutos, a Juventus foi como sempre: previsível, errática, com várias falhas, ainda assim a disfarçar as lacunas coletivas com um golo que levou o encontro empatado para o intervalo. Nos 45 minutos seguintes, a Juventus esteve como poucas vezes: pressionante, agressiva, a secar as transição do adversário, a potenciar as qualidades individuais jogando como uma equipa. No final, a vitória frente à Atalanta valeu o segundo troféu da temporada e a primeira Taça de Itália de Ronaldo, que se tornava também o primeiro jogador de sempre com todos os títulos em Inglaterra, em Espanha e em Itália. No entanto, a grande “final” chegava este domingo.

Apesar do nulo do AC Milan frente ao Cagliari em San Siro que deu outra esperança numa chegada aos quatro primeiros lugares, a Vecchia Signora continuava a depender de terceiros para alcançar uma posição na fase de grupos da Liga dos Campeões. E isso era algo que valia bem mais do que o triunfo na Taça de Itália ou mesmo na Supertaça que tinha sido ganha antes. Se é certo que a Juventus vai promover uma grande revolução no plantel na próxima época, a ausência da principal prova europeia iria nivelar ainda mais por baixo essas mudanças de uma sociedade que no primeiro semestre teve um prejuízo acima dos 100 milhões de euros. De forma inevitável, o futuro de Cristiano Ronaldo passaria também por estes últimos 90 minutos que encerrariam a Serie A.

Se a Juventus fosse à Liga dos Campeões, o cenário era relativamente “pacífico”: ou ficava em Turim para fazer o último ano de ligação aos bianconeri ou poderia sair mediante uma proposta tentadora para equipa de jogador. Se não conseguisse, aí existiam várias hipóteses, sendo certo que ambas as partes veriam com bons olhos uma saída antecipada pelo peso no orçamento de mais de 60 milhões de euros (para dar pouco mais de 30 milhões líquidos) – e numa altura em que o Manchester United surge como hipótese para uma/duas últimas épocas para discutir a Liga dos Campeões antes de um final com ritmo e ambições diferentes a nível europeu.

Em paralelo com isso, e como o mundo de Ronaldo continua a passar aos 36 anos pela busca do próximo registo, o português chegava a esta jornada já com o título de melhor marcador da Serie A mas a poder completar a sua segunda época consecutiva em Itália com 30 ou mais golos no Campeonato, o que valeria no mínimo o mesmo registo de golos da última temporada e a chegada ao segundo lugar da Bota de Ouro ganha por Lewandowski. Problema? Ronaldo, num encontro de carácter decisivo, começou no banco e não chegou a sair de lá.

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Com o português no banco, ficando o ataque entregue a Kulusevski, Chiesa, Dybala e Morata, a Juventus não demorou a colocar-se na frente do marcador numa jogada que passou pelos quatro da frente antes de um remate de Rabiot à trave e a recarga vitoriosa de Chiesa (6′). Com AC Milan e Nápoles empatados sem golos, ia crescendo a esperança dos biaconeri. O Bolonha de Sinisa Mihajlovic, com a situação na classificação definida, continuava a ter vários erros no setor defensivo e a Juventus aproveitou para aumentar a vantagem por Morata, depois de uma grande jogada individual de Dybala (29′). Tudo corrida bem ao conjunto comandado por Andrea Pirlo, que ainda antes do intervalo chegou ao 3-0 por Rabiot (45′), mas de Bérgamo não vinham boas notícias com o 1-0 do AC Milan com um penálti de Kessié. Assim, era o Nápoles, empatado a zero em casa com o Verona, que ficava de forma virtual fora da Liga dos Campeões a 45 minutos do final do Campeonato transalpino.

De Bolonha não haveria grandes novidades, até porque Morata aumentou os números da goleada logo no início da segunda parte num lance que parecia ir ser invalidado mas que estava em posição regular (47′). De Bérgamo também não, com o AC Milan a ganhar à Atalanta. De Nápoles também não – e com os três pontos garantidos, os olhos e ouvidos dos bianconeri estavam focados na partida dos napolitanos com o Verona. E foi daí que veio a melhor notícia da noite, com um empate a um que deixou a Juventus no quarto lugar da Serie A. Agora, fica a dúvida: como será o futuro da equipa de Turim? E, já agora, como será o futuro de Ronaldo e Pirlo?

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