O presidente da Bielorrússia considerou esta quarta-feira que o país está a ser alvo de “ataques” que passaram os limites, após o desvio do avião da Ryanair para deter um jornalista. “Passaram muitas linhas vermelhas e os limites do bom senso e da moralidade humana”, disse Alexander Lukashenko aos membros do parlamento, de acordo com a agência de notícias estatal Belta, citada pela AFP.
No domingo, o avião da Ryanair, que fazia a rota entre Atenas, na Grécia, e Vilnius, na Lituânia, foi desviado para Minsk, a capital bielorrusa, por causa de uma suposta suspeita de bomba. A bordo estavam o ativista Román Protasevich e a companheira, que foram detidos pelas autoridades bielorrussas.
No dia seguinte, os chefes de Estado e de Governo da União Europeia, reunidos em Bruxelas, decidiram pedir às companhias aéreas europeias que evitem o espaço aéreo da Bielorrússia, banir as transportadoras daquele país na UE e exigir ainda mais sanções contra o regime de Lukashenko. Esta quarta-feira é a vez de o Conselho de Segurança da ONU discutir o assunto.
Roman Protasevich, de 26 anos, é o ex-chefe de redação do influente canal Nexta, que se tornou a principal fonte de informação nas primeiras semanas de protestos antigovernamentais após as eleições presidenciais de agosto de 2020.
A Bielorrússia atravessa uma crise política desde as eleições de 9 de agosto de 2020, que segundo os resultados oficiais reconduziram o Presidente, Alexander Lukashenko — no poder há mais de duas décadas — para um sexto mandato, com 80% dos votos. A oposição denunciou a eleição como fraudulenta e reivindicou a vitória nas presidenciais.
Desde então, o país testemunhou uma vaga de protestos populares para exigir o afastamento de Lukashenko, manifestações conduzidas pela oposição que têm sido reprimidas com violência pelas forças de segurança da Bielorrússia.