A responsabilidade do que aconteceu no Porto no último sábado, com a final da Liga dos Campeões a realizar-se na cidade, foi da abertura das fronteiras, de Portugal passar a estar na lista verde do Reino Unido e ainda do folheto informativo distribuído aos turistas que não é claro sobre uso obrigatório de máscara na via pública no país. O primeiro-ministro distribui, assim, as responsabilidades. Já sobre quem falhou no Governo, António Costa sacode a água do capote e diz que as polícias agiram em conformidade.
“A PSP já tem o relatório feito, os dados que indica mostra um número limitado de detidos e de incidentes. E, comparativamente com outros momentos desportivos, o que aconteceu este fim de semana marca mais pela positiva do que pela negativa”, afirmou Costa sobre o que se passou no Porto depois da final da Liga dos Campeões que opôs dois clubes ingleses, o Manchester City e o Chelsea.
Depois dos festejos do campeonato nacional terem provocado situações ilegais de ajuntamentos em Lisboa — o Ministério da Administração Interna está há 15 dias a apurar o que falhou –, outra situação confusa com os festejos, por adetos ingleses no Porto, na final da Champions. Mas o primeiro-ministro elogia as ação das forças de segurança, que estão na tutela do seu ministro mais contestado no momento, Eduardo Cabrita.
“Temos visto as autoridades a serem desafiadas em vários locais de ajuntamento noturno em Lisboa nas últimas semanas e nos festejos do Sporting também houve dificuldade em manter ordem pública”, reconhece o primeiro-ministro que diz, no entanto, que as “forças de segurança têm larga experiência” e que a sua ação “tem sempre sido referida como boa prática internacional” em eventos desportivos.
“Ninguém melhor do que as forças de segurança podem avaliar qual o melhor modo de atuação”, garantiu Costa, defendendo a prática “pedagógica” adotada, já que “a ação mais musculada muitas vezes exponencia” as situações, considerou.
Aliás, o primeiro-ministro insiste que foi a mudança de regras sobre a circulação de turistas e a entrada de Portugal na lista verde do Reino Unido que provocou a situação deste sábado. “Quando foram fixadas as regras não estavam ainda abertas fronteiras para circulação turística, os 12 mil lugares teriam de vir e voltar em regime de bolha” — uma decisão do Governo num Conselho de Ministros há 15 dias.
Isto explica, segundo Costa, que tenham estado mais pessoas nos festejos do que estava previsto. Garante mesmo que a questão da “bolha” não foi furada. “9.800 adetos vieram nessas condições. 80% dos adeptos”, sublinha. E a lotação máxima no estádio fixada pela DGS tinha sido fixada nos 16.500 e estiveram 14.110 pessoas”, acrescenta ainda para provar que a operação correu dentro do que tinha sido definido pelo Governo.
“Não correu tudo bem”, assumiu o primeiro-ministro, mas isso deve-se a outro fator. “É preciso distinguir quem veio no quadro da operação Champions: de turistas que se deslocaram para o Porto e que são franceses alemães mas também são ingleses e apoiantes das equipas, e a ação dos turistas que não estava enquadrada nesta operação”.
Foram estes turistas, diz o primeiro-ministro, que “não respeitaram as regras da bolha. Decidiram vir antecipadamente beneficiando de fronteiras abertas”. E por que motivo não foi também isto acautelado na operação? O primeiro-ministro respondeu que “não podemos querer turistas e dizer que não gostamos dos turistas”.
“Quem quer que seja turista ou não turista tem de praticar as regras em vigor em cada momento e houve situações de claro incumprimento que a polícia geriu da forma que achou mais adequada e que uma das primeiras lições é que temos de dar melhor informação aos turistas sobre as regras aplicadas em Portugal”, respondeu ainda o primeiro-ministro aos jornalistas, no Parlamento após a participação na reunião da COSAC.
Sobre as críticas de falta de comunicação feitas pelo Presidente, António Costa desvia-se e diz não ter gostado das imagens queviu do Porto, alegando, no entanto, que “também foram repetidas em loop durante vários dias criando a ilusão que eram continuadas”.
Costa disse que uma das alterações que será feita é no folheto de informação aos turistas sobre as regras Covid em Portugal: “Não diz nada sobre espaços públicos. Já pedimos para que seja alterado para dizer que também é obrigatória na via pública”. Estas são as lições a tomar, diz Costa, que questionado sobre as consequências políticas repete apenas: “Já lhe disse que há sempre lições a tomar”.