Levar o design a todo o lado e, assim, explicar e desenhar o tempo presente é o mote da 2.ª edição da Porto Design Biennale, cujo tema é “Alter-Realidades”. “O design materializa as nossas experiências quotidianas, espaços, artefactos e comunicação. O design é omnipresente e influencia muito a nossa forma ser, a nossa ontologia”, sublinha o britânico Alastair Fuad-Luke, curador geral.
Em 24 espaços, distribuídos pelo Porto e por Matosinhos, o evento conta com 49 iniciativas, desenvolvidas por nove curadores, entre conversas a exposições, workshops e programas de rádio, envolvendo várias comunidades, numa clara aposta no design mais participativo.
“Existem muitas oportunidades para os cidadãos participarem ativamente em palestras, workshops e outras atividades. Isto é muito importante porque o envolvimento com o design no presente ajuda a gerar novas realidades alternativas no futuro próximo. Como ainda vivemos em tempos de pandemia, é apropriado perguntar como o design pode nos mostrar novas formas de viver, cuidar e tornar nosso mundo um lugar melhor para se estar”, explica o curador da mostra internacional.
Em tempos de pandemia, o desafio em desenhar uma programação cultural aumenta e há que ser “flexível, adaptável e experimental”. “Decidimos fazer um programa misto e com eventos híbridos, como um colóquio online com participantes nacionais e internacionais”, afirma Alastair Fuad-Luke, acrescentando que nos caso das exposições físicas, há um número limitado de pessoas.
O evento arrancou na passada quarta-feira com a inauguração do Museu da Matéria Viva na Casa do Design, em Matosinhos, sendo um dos principais eixos de toda a programação. A proposta evoca a relação sustentável entre o ser humano e todos os outros seres vivos, definindo e construindo novas práticas para o futuro.
Além da sua vertente expositiva, o museu conta ainda com uma sala de leitura, “onde as pessoas podem esperar em silêncio, explorando novos pensamentos sobre coisas vivas”, e um ciclo de workshops desenvolvidos por Alexandra Fruhstorfer (Áustria) e Seçil Uğur Yavuz (Itália/Turquia); Julia Lohmann, Germany e Violaine Buet (França) e Alastair Fuad-Luke (Reino Unido) e Tiago Patatas (Portugal).
Já o recém inaugurado Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, é palco da exposição “Autre” que representa uma parte da oferta programada pelos curadores Sam Baron e Caroline Naphegyi, na celebração da França enquanto país convidado desta edição.
Outro dos pontos altos do programa, também composto por 20 conversas online, é o workshop “Habitar 424”, com curadoria do Assemble Studio e pelos El Warcha, na Associação Saber Compreender. O projeto arranca dia 17 de junho, é desenvolvido por e para a comunidade sem-abrigo do Porto, cuja intenção é “reconcetualizar a perceção comum sobre a condição de sem-abrigo, proporcionando, ao mesmo tempo, recursos comunitários crescentes para o futuro”. “De que forma podemos contrariar a segregação e a disparidade crescentes? Como podemos aprender com as pessoas que vivem na rua?” são apenas algumas questões abordas nesta iniciativa.
A Porto Design Biennale termina a 25 de junho, consulte aqui toda a programação.