Três dos sete candidatos às eleições presidenciais iranianas anunciaram esta quarta-feira a sua desistência, a menos de 48 horas do início da votação.

O primeiro a retirar a sua candidatura foi Mohsen Mehralizadeh, antigo vice-presidente e um dos dois reformistas na corrida eleitoral — uma informação confirmada por um porta-voz da sua campanha, citado pela agência Isna, sem apresentar qualquer explicação para a desistência. Até ao início da noite desta quarta-feira, quando faltam menos de 12 horas para o encerramento da campanha eleitoral (às 07h00 locais de quinta-feira, 02h30 em Lisboa), Mehralizadeh não tinha emitido qualquer orientação de voto.

Dos sete candidatos a suceder ao Presidente cessante, o moderado Hassan Rohani, que não pôde candidatar-se por ter já cumprido dois mandatos consecutivos, Mehralizadeh era o único a não ultrapassar o limiar de 1% das intenções de voto, segundo o instituto de sondagens iraniano Ispa.

Os outros dois candidatos que abandonaram esta quarta-feira a corrida eleitoral, no último dia da campanha, são dois ultraconservadores, o deputado Aliréza Zakani e Saïd Jalili, antigo secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional, segundo declarações dos próprios, reproduzidas pelos meios de comunicação iranianos. Ambos apelaram ao voto no líder da Autoridade Judicial, Ebrahim Raïssi. De acordo com o Ispa, eram atribuídos a Zakani 3% das intenções de voto e a Jalili, 3,5%.

São frequentes as desistências nas eleições presidenciais no Irão, onde as alianças de última hora a um ou outro candidato podem valer cargos governamentais.

Raïssi, ultraconservador sem grande carisma que se apresenta como apoiante da luta contra a corrupção e defensor das classes desfavorecidas, aparece como o grande favorito no escrutínio, devido aos 38% de votos que obteve há quatro anos e à ausência de um adversário à altura, após a desqualificação de várias figuras públicas que poderiam ter-lhe feito sombra.

As eleições da próxima sexta-feira decorrerão enquanto se realizam em Viena negociações entre a República Islâmica e a comunidade internacional para salvar o acordo sobre o programa nuclear iraniano e tendo como pano de fundo o descontentamento generalizado perante a grave crise económica e social que se vive no país.

Segundo as raras sondagens disponíveis, a abstenção poderá ultrapassar o número recorde dos 57% registados nas legislativas de 2020.

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